Região fecha mais de 780  postos de trabalho em setembro

IMPACTO DA ENCHENTE

Região fecha mais de 780 postos de trabalho em setembro

Saldo registrado em setembro é o pior do ano até o momento, impulsionado por dados em cidades impactadas de forma direta pela cheia do Rio Taquari

Região fecha mais de 780  postos de trabalho em setembro
Vale do Taquari

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de setembro, divulgados ontem, 30, refletem a situação difícil das empresas do Vale do Taquari após a enchente histórica dos dias 4 e 5. O saldo do mês foi o pior do ano, com 782 postos de trabalho fechados. O setor mais atingido foi o da indústria.

A região vinha de um resultado positivo em agosto, que superava os dados dos dois meses anteriores, com mais demissões do que contratações no mercado de trabalho regional. O saldo de 2023 permanece positivo, com 885 empregos formais criados. Por outro lado, o compilado dos últimos 12 meses mostra um resultado negativo no Vale.

Entre as cidades da região, Encantado teve o pior resultado em setembro, com 185 postos fechados. Na sequência, aparecem Muçum, Arroio do Meio, Estrela e Roca Sales. Dos municípios mais atingidos pela inundação do rio Taquari, somente Colinas terminou o mês com saldo positivo (+7).

Presidente da Associação Comercial e Industrial de Encantado (ACI-E), Álex Herold compara os dados de agosto e setembro em Encantado. “Verifica-se um impacto direto da catástrofe de setembro no número de empregos. Temos o desafio de restabelecer a economia. Para tanto, é necessário que o governo federal honre o anúncio de linha especial de crédito para as empresas que não têm acesso ao Pronaf e Pronampe”, destaca.

Cidades inundadas

Se considerar somente as 11 cidades impactadas pela cheia do rio Taquari – com Santa Tereza e Venâncio Aires na contagem –, o saldo foi de 1,4 mil empregos formais fechados em setembro deste ano.

Venâncio Aires lidera o número de demissões no período, com saldo de –976. O dado, no entanto, reflete os desligamentos de empregados nas fumageiras, que contratam funcionários sazonais para o período de safras, até setembro.

Cenário temporário

O economista Eloni Salvi destaca uma perda significativa de negócios, com fechamento definitivo de uns e demora na retomada de muitos outros após a enchente. Neste sentido, menos empregos significam perda de poder aquisitivo do conjunto da população, e isso reflete em toda a cadeia produtiva.

“Este cenário deverá ser sentido de forma decrescente até março de 2024, em função do período de férias, que tradicionalmente tem redução da atividade econômica local”. Por outro lado, Salvi acredita que a maior parte dos trabalhadores desligados sejam recontratados em breve.

Ele ressalta que, no país, foram criados mais de 1,5 milhão de novos postos de trabalho em 2023. Por isso avalia ser uma situação momentânea na região que, ao longo dos anos, tem gerado e mantido empregos de forma mais estável que a média do estado e do país.

Ainda, acredita que os níveis de produção e de geração de renda serão retomados seguindo a dinâmica da economia nacional, sem esperar grandes avanços, devido principalmente a baixa capacidade de investimentos, e a crônica carência de mão de obra qualificada, que a economia brasileira apresenta.

Saldo de setembro no Vale: -782

Saldo de 2023: 885

Saldo dos últimos 12 meses: -40

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