Tratada como “o novo Centro”, a avenida Piraí começa a apresentar problemas de mobilidade típicos das áreas mais centrais da cidade. Dificuldades para estacionar e lentidão no trânsito causada pelo semáforo motivam críticas de empresários e usuários. Em paralelo, o governo estuda medidas para minimizar os gargalos.
Aberta no começo da década passada, no bairro São Cristóvão, a avenida passou a ter ocupação comercial a partir de 2015. Hoje, são dezenas de empreendimentos instalados às margens da via, além de espaços de convívio e lazer, como o Parque Piraí. A movimentação diária de pessoas é crescente e impacta diretamente no cotidiano da comunidade local.
Um dos empreendedores pioneiros da região, Paulo Scholler defende a implantação do estacionamento rotativo pago na Piraí. Proprietário do restaurante Meu Escritório, ele entende que a medida é necessária para melhorar o fluxo no local. “Muitas pessoas vão para o trabalho e deixam o carro estacionado o dia todo. Isso prejudica muito o comércio em geral. Eu chego na empresa às 7h30min e já não tem mais vaga”.
Scholler lembra que, quando inaugurou o restaurante, a realidade da avenida era bem diferente. Hoje, com todos os investimentos receites feitos pela iniciativa privada, até mesmo nas ruas transversais há dificuldades para estacionar. “Para nós, é complicado, pois boa parte dos nossos clientes vem apenas para almoçar e depois vão embora”.
Fluxo do semáforo
Desde 2019 na Piraí, a Kappel Imóveis também sofre com os gargalos de mobilidade no local. Sócio-proprietário, Alberto Kappel considera “normais” em virtude do rápido crescimento da região. No entanto, avalia que a política de trânsito não acompanhou essa expansão. Cita o semáforo da esquina com a avenida Alberto Pasqualini como exemplo.
“Quando foi instalada a sinaleira, a realidade era uma. Não havia o fluxo atual. São cinco, seis segundos aberta. Aí fecha e acaba trancando e tumultuando a avenida. É um problema que precisa ser resolvido, pois a cidade está crescendo muito”, observa.
Uma alternativa, para Kappel, é um melhor aproveitamento da Coelho Neto para desafogar o trânsito dos arredores. “É preciso pensar em políticas urgentes, pois as condições atuais estão ultrapassadas”.
Situação crítica
Com um edifício inaugurado, outro bem avançado e um terceiro empreendimento começando a sair do papel, a Lyall contribuiu com a valorização da Piraí. E também busca auxiliar em soluções para melhorar o trânsito no entorno.
Segundo o sócio-diretor, Gustavo Lucchese, a construtora tem implantado estacionamentos rotativos em seus prédios para melhorar esse fluxo. Ainda assim, é uma ação insuficiente frente ao movimento crescente na via.
“A Piraí tem que ser olhada como uma Benjamin, uma Pasqualini. São mais de 2 mil pessoas trabalhando no entorno. Tem que pensar em soluções, como proibir essas conversões malucas que são feitas, ou o tráfego de caminhões”, pontua.
Para Lucchese, é preciso pensar, também, em um plano de mobilidade que atenda o São Cristóvão como um todo. “Ali é o novo Centro. Daqui quatro, cinco anos, teremos muitos problemas se continuar assim”.
Estudo em andamento
As medidas avaliadas pelo governo de Lajeado ao trecho envolvem o sistema semafórico da avenida Pasqualini como um todo. Segundo o engenheiro da Secretaria de Planejamento, Urbanismo e Mobilidade, Cleiton Felipe Pinto, foi contratado um software que fará simulação de tráfego no local.
“Todos os semáforos ali representam filas nos horários de pico. Uma provável medida é aumentar o tempo da sinaleira da Piraí, que hoje é bem curto. É um estudo que está em andamento, mas que foi paralisado por conta das enchentes. Pretendemos retomar o quanto antes”, comenta.
Outra medida em estudo é o fim da conversão à esquerda para ingresso na Piraí. Para isso, segundo Cleiton, podem ser utilizadas as ruas Miguel Tóstes e a Washington Luís para retornar à Pasqualini. “Com esse levantamento, vamos ver qual a melhor alternativa”.