Cadê o dinheiro das promessas, presidente Lula?

Opinião

Fernando Weiss

Fernando Weiss

Diretor editorial e de produtos

Coluna aborda política e cotidiano sob um olhar crítico e abrangente

Cadê o dinheiro das promessas, presidente Lula?

Semana que vem já completa dois meses da tragédia. Afora os 51 mortos confirmados e os seis ainda desaparecidos, a economia padece. Empresas sofrem para honrar compromissos e demissões já são realidade acachapante em várias organizações.

“Acabamos de definir que faremos uma concessão de R$ 1 bilhão para ajudar a recuperar a economia de todas as cidades atingidas pela tragédia {…} o que eu posso garantir para o povo do Rio Grande do Sul é que o governo federal não faltará no atendimento das empresas e das pessoas”. A promessa é do presidente Lula, no vídeo gravado no dia 12 de setembro, logo após a visita do vice-presidente Geraldo Alckminn ao Vale do Taquari. Até aqui, tudo não passa de pirotecnia e propaganda. Exceto algumas migalhas, não veio nada.

Confesso que fiquei confiante na possibilidade do dinheiro chegar. A sensibilização e comoção eram tão grandes que parecia, realmente, que os recursos seriam liberados. Ledo engano. É o governo sendo governo.

No dia 12 de setembro, Lula e Alckmin gravaram vídeo e anunciaram R$ 1 bilhão de financiamentos sem juros via BNDES para socorrer empresas do Vale do Taquari. 46 dias depois, nada disso chegou a região

Marqueteiro. Prometeu ajudar de todos os lados, comitivas de ministros vieram tirar fotos, posaram para entrevistas, falaram bonito e até aqui, nada, ou quase nada. A presença da Janja não serviu para nada?

Aliás, segunda-feira vem mais uma leva de ministros para anunciar liberação de mais um troco para socorrer o Vale. Impressionante!

Os ministros deveriam cobrar do escalão abaixo a liberação daquilo que o presidente Lula prometeu. Ou será mesmo que vão descumprir a promessa de enviar R$ 1 bilhão em financiamentos ao Vale do Taquari?

Semana que vem já completa dois meses da tragédia. Afora os 51 mortos confirmados e os seis ainda desaparecidos, a economia padece. Empresas sofrem para honrar compromissos e demissões já são realidade acachapante em várias organizações. Enquanto isso, o governo se perde na retórica, tropeça no próprio discurso, e nada de ‘pingar o Pix’. Cadê o dinheiro das promessas, presidente Lula?

“Não vamos permitir que a burocracia dificulte a reconstrução”

Em todas as entrevistas concedidas nos primeiros dias após a tragédia no Vale, o governador Eduardo Leite repetia que a burocracia não poderia travar a ajuda do Estado às cidades devastadas. Passados quase dois meses, o que se vê, é muita burocracia e pouco avanço concreto daquilo que foi anunciado.

Sabe-se que a burocracia é parte do rito formal e que ela é um mal necessário num país vulnerável e sucetível para falcatrua. Ainda assim, está demais. Pouco ou quase nada dos R$ 100 milhões anunciados pelo Estado para moradias provisórias foi liberado até aqui. Pessoas seguem amontoadas em ginásios e abrigos e só Arroio do Meio iniciou a construção de 40 residências.

A resposta é ínfima diante do caos que ainda vivem moradores de Muçum, Roca Sales, Encantado, Cruzeiro do Sul e Lajeado, principalmente. A burocracia está travando, governador Leite!

O desabafo da semana

Prefeito de Estrela, Elmar Schneider subiu o tom e cobrou trabalho dos secretários do governo estadual que são aqui do Vale. “Nunca tínhamos tantos secretários do Vale no governo estadual. E o que estão fazendo? Cadê as propostas? E os senadores da República, o que estão fazendo por nós? Está tudo estourando na mão dos prefeitos”.

Amilton Fontana, prefeito de Roca Sales teve que ir além. Foi à polícia registrar ocorrência contra acusações nas redes sociais de que ele estaria desviando dinheiro anunciado pelo governo federal para recolhimento de entulho que sequer chegou ao município. “As pessoas estão falando que eu estou desviando R$ 6 milhões. É triste isso”.

A resistência da semana

O prefeito Marcelo Caumo e o secretário de Meio Ambiente Luis Benoit agiram rápidos e conseguiram derrubar a maluca idéia da RGE em cortar 79 Ipês Amarelos na Avenida Alberto Muller, no Alto do Parque. A reputação da empresa, que já está muito arranhada na região, só piora com este tipo de comportamento insensível e completamente desvirtuado do mundo real. Se a referida avenida é uma das mais bonitas da cidade, é justamente por causa dos Ipês. Daí vem uma empresa anunciar que vai passar a motosserra em tudo. E a reputação vai às favas.

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