Em setembro, durante evento do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa realizado na Inglaterra, pesquisadores do Departamento de Transformações Climáticas da Universidade de Cambridge voltaram a bater na tecla das mudanças climáticas, apresentando pesquisas científicas que apontam o aumento de 1,5°C na temperatura média do planeta até 2.040. Essa tendência já é percebida em diversos eventos meteorológicos, mas precisa ser revertida se quisermos evitar prejuízos econômicos e manter a viabilidade da vida humana.
Estas pesquisas estudaram o comportamento das temperaturas médias ao longo dos últimos 800 mil anos no planeta ao retirar amostras de gelo a 3,5 mil metros de profundidade, obtendo assim os registros das temperaturas ao longo desse tempo. Verificou-se que, a cada 11 mil anos, a temperatura repetia ciclos de aquecimento e depois resfriamento. O problema é que, após a Revolução Industrial (1.760), começou um ciclo de aumento das temperaturas.
O uso dos motores a vapor e combustão, que precisam da energia produzida a partir da queima de recursos fósseis como carvão, lenha, petróleo e gás para seu funcionamento, devolvem gás carbônico à atmosfera, causando o efeito estufa. E é este efeito estufa que impedirá um novo ciclo de resfriamento por impedir que o calor produzido na terra se dissipe adequadamente. Além disso, a população e a taxa de longevidade no mundo continuam aumentando, o que significa que o consumo de energia continuará subindo. Na matriz energética do planeta, 66% é obtida de matéria fóssil extraída da natureza – no Brasil, é 55%.
Para fazer recuar estes indicadores, precisamos trocar as fontes de energia da matriz energética atual para o uso de recursos naturais como água, sol e vento. São mecanismos que a natureza fornece, se renovam e podem ser utilizados sem causar grandes danos ao planeta. O problema é que fazer essa transição na matriz energética poderá levar mais de um século: imagine todas as empresas do mundo que hoje usam carvão ou petróleo, por exemplo, adaptarem sua produção. Diante da dificuldade e do tempo necessário para fazer esta troca, nos resta a opção, por enquanto, de preparar governos, empresas e comunidades para os riscos cada vez maiores de enfrentar eventos climáticos trágicos como enchentes, secas e ciclones.
Ao longo do tempo, a governança corporativa evoluiu para ampliar a relevância de determinados atores. Foi assim com os Acionistas (shareholders), depois com as partes interessadas (stakeholders) e agora, com a sigla ESG (Environment, Social and Governance), fazendo com que todas as partes interessadas pudessem ser minimamente consideradas nas decisões empresariais.
Agora, uma cadeira para a “Mãe Natureza” no Conselho faz muito sentido. Ela é a parte interessada mais importante em todas as decisões que precisamos tomar. Ela é lembrada na matriz de risco, nas ameaças e oportunidades, mas será que está realmente sendo ouvida e tendo seus sinais observados?
A responsabilidade por não respeitar a Mãe Natureza é de cada um de nós. O preço de não fazer nada já está sendo cobrado. E o valor final poderá ser o fim. O nosso fim.