O que te fez vir para Lajeado?
Trabalhava na roça de sol a sol. Não tinha direito nenhum. Era trabalhar ou não tinha comida. Saí de lá com 17 ou 18 anos. Eu e minha nenê. Lutei muito e consegui melhorar de vida. Aqui é uma cidade de oportunidades. Consegui a carteira assinada, tenho mais segurança e uma vida bem melhor.
Como era quando chegou?
O início foi difícil. A cidade já estava começando a crescer. Isso també trouxe mais trabalho. Há cada vez mais. No início, era minha filha, eu e Deus. Hoje tenho mais um casal de filhos, um de dez e a menina de 13 anos. Vivemos no bairro Santo Antônio. Casei, compramos nossa casa própria. Fui uma conquista muito importante.
A senhora atua na varrição da cidade faz cinco anos, o que esse trabalho diz sobre a educação da sociedade?
A limpeza e o cuidado com a cidade diz muito sobre as pessoas. Tem gente que parece não dar a mínima, que são muito mal-educadas. Digo sempre, precisamos ajudar. Gosto muito de trabalhar de gari. Tem pessoas que são bem atenciosas, que passam, dão bom dia. Isso é bem legal mesmo. E a educação, é sempre bem-vinda.
Eu procuro sempre dar mais atenção para as pessoas que são gentis. Que conversam, mostram interesse e tem esse cuidado com a nossa cidade. Tem gente que não dá a mínima. Passam do lado e vendo que estou varrendo, ainda atiram lixo no chão. Por mais que seja meu dever limpar, todos somos responsáveis.
Para essa pessoa que não se importa em jogar o lixo no chão, o que você falaria para ela?
Eu acho que todo mundo deveria ser gari por um dia. Talvez assim entenderiam um pouco mais sobre como é importante sermos mais cuidadoso. Também acho que valorizariam mais as pessoas que trabalham com isso. De como devemos separar o lixo. Tudo o que atiram no chão vai para o rio. Entope os bueiros. Depois vem uma cheia, que nem aconteceu no mês passado, e volta tudo. A cidade fica feia, suja, traz doenças. Temos de preservar o lugar onde moramos. Todo mundo quer a mesma coisa. Todos nós queremos uma cidade bonita, limpa e organizada.
Como é trabalhar na rua?
Eu gosto bastante. É diferente de estar em um lugar fechado. Você conversa com as pessoas, vê o movimento. Entendo que é um trabalho para o bem de todos. Isso é bom e me sinto bem quando paro para pensar nisso.