Mais de 80% das crianças que frequentam escolas têm atividade física insuficiente. É o que aponta um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) realizado em 2019. Entender o que leva os jovens a trocar as práticas por outras atividades e o que fazer para incentivar essa retomada é pauta entre responsáveis.
Explorar as habilidades dos pequenos desde cedo é fundamental no desenvolvimento dos indivíduos, frisam os professores de educação física, Marlon Bohn e Fernanda Volken. Convidados da última quinta-feira, 19, de “Nossos Filhos”, programa multiplataforma do Grupo A Hora, eles abordaram o papel da união de pais e professores no processo.
Fernanda comenta que o corpo humano é semelhante a uma máquina. “Se a pessoa não faz o uso, ou seja, não trabalha os músculos, articulações e ligamentos, por menor que seja o movimento, com o tempo, ele para de evoluir e crescer. De forma mais prática, ele enferruja”.
Para evitar que isso ocorra, diz Bohn, é necessário um estímulo constante tanto nas escolas, quanto em casa. Segundo o professor, ter a atividade no currículo escolar é importante, mas sem apoio e participação da família o trabalho não funciona completamente.
O apoio de gestores públicos também é essencial, complementa Fernanda. “Temos muitos parques que poderiam ser melhor aproveitados durante a noite se houvesse reforço na segurança. Com isso, após a escola, as crianças e os pais se sentiriam mais confortáveis de estar no local”. Ela afirma, ainda, que isso só acontece se, antes de qualquer coisa, haja quem instigue os pequenos a desbravar o espaço.
Alerta ao uso de telas
Os profissionais pontuam que uma das principais questões que faz necessário a fala sobre analfabetismo físico é o vício em telas. Eles explicam que, quanto mais cedo essa relação de dependência eletrônica começa, maior será a consequência futura.
Entre os motivos desse contato precoce está a falta de paciência dos pais. Bohn destaca que o celular se tornou a maneira mais prática de acalmar a criança. “A tela é cômoda para todos, mas a longo prazo é extremamente prejudicial. Se eles forem acostumados desde pequenos que a tela é a opção principal, sempre será assim”.
Os pais são os exemplos, reforça Fernanda. Além de controlar o acesso e o tempo de eletrônicos dos filhos, é importante que monitorem o próprio uso. Segundo a profissional, a partir do momento que os responsáveis optarem por atividades ao ar livre com as crianças, a vida e a saúde de todos evolui.
Momentos de integração
“A Olimpíada Nacional da Rede Sinodal de Educação (Onase) trouxe vida de volta à instituição”. Os professores do Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat), recordam a importância de eventos como o sediado pela instituição entre os dias 3 e 6 de outubro. Fernanda comenta que a atividade incentivou muitas crianças a praticarem esportes e que, agora, na instituição, é muito mais visível o aproveitamento do espaço externo para essas práticas.
Ambos acrescentam, ainda, que com essas ações, os pequenos passam a levar a prática para fora da escola.
Analfabetismo físico
Baixo desenvolvimento de repertório motor e coordenação. Surge na infância e pode seguir até a fase adulta, quando não tratado. Pessoas com analfabetismo motor sentem dificuldade em realizar movimentos básicos ou aprender movimentos específicos.
Práticas em família
- Incentivar brincadeiras em conjunto;
- Introduzir atividades físicas, como esportes, cedo na vida dos pequenos;
- Procurar sair de casa no final de semana, apresentar ambientes diferentes e propícios a práticas diferentes;
- Levar as crianças junto nas práticas esportivas dos responsáveis.