Sentar na poltrona do teatro e esperar o riso aparecer, porque ele vem, tem que vir, todo mundo está ali para isso. As luzes da plateia estão apagadas e ninguém consegue ver a cara de ninguém, graças a Deus, isso dá o conforto necessário para não rir e se constranger em paz se for o caso. Nada além do artista para enxergar, só o som do riso como termômetro.
Sempre tem alguém que se atrasa em entender a piada e vira alvo. A risada cresce em cima da própria risada. Outro momento clássico de contágio é quando o público se identifica com a história contada no palco. E aí se entrega. Lembra da sogra, do cunhado, do amigo, do vizinho e, claro, de si. Nessa brecha, a única pessoa iluminada na sala exagera no absurdo até que o pessoal que assiste no breu, pronto para mostrar os dentes, explode na gargalhada.
Não vou entrar no mérito dos limites do humor, do quanto o exagero do absurdo tende a passar dos limites estabelecidos hoje em dia. Meu interesse é no ambiente. Essa cena de gente, muita gente, esperando só pra rir com uma única pessoa em pé com um microfone na mão, acontece com frequência na cidade. Às vezes nem é no conforto de um teatro. É na cadeira gelada do bar, com uma cerveja ainda mais gelada.
O riso tem função terapêutica. Ele ajuda a aliviar a tensão, a oxigenar o cérebro e a dar um tempo dos problemas. São quase duas horas sentados completamente entregues à vontade genuína de dar risada. Esqueci de responder um e-mail? Fica para amanhã. Preciso de dinheiro? Agora não. E mais gargalhadas da plateia. A cena é tão cativante que tem gente que sai da cadeira e vai para o palco.
Na região, temos um grupo de rapazes que se encorajam no desafio de contar histórias e fazer rir. E nessa edição do Caderno Você, falamos com eles e nos debruçamos sobre esse fenômeno que tem feito tanto sucesso entre os moradores da região. Há técnica, estudo e seriedade na arte da piada. Mas isso fica para a reportagem.
Boa leitura!