As enchentes – e as falhas nas réguas – persistem

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

As enchentes – e as falhas nas réguas – persistem

O Vale do Taquari já enfrentou cinco enchentes em 2023. Nesta semana, o quinto evento registrado no ano elevou o Rio Taquari a 20,43 metros em Lajeado e Estrela, um nível acima da cota de inundação, mas ainda abaixo do pico necessário para atingir as residências instaladas em áreas alagáveis. E nada ou ninguém nos garante que não teremos um sexto episódio semelhante. Diante do histórico e da ameaça constante, resta ainda mais latente e preocupante a precariedade do serviço de monitoramento dos nossos mananciais. Eu explico. Em todos os cinco eventos registrados neste ano, as réguas instaladas pela CPRM – que são de responsabilidade do Serviço Geológico do Brasil, um órgão do governo federal – falharam em diversos pontos e momentos. Foi assim na tragédia dos dias quatro e cinco de setembro, e foi assim também na madrugada dessa quarta-feira. Literalmente ficamos às cegas. Ou seja, é preciso investir pesado na melhor estruturação deste serviço tão crucial à nossa segurança. Aliás, será que algum agente público sabe quanto é o orçamento anual destinado à plataforma de monitoramento regional? Uma dica: é baixo!

Novos caminhos aos construtores

Por meio de decreto, o governo de Lajeado regulamentou as novas competências da Secretaria do Planejamento, Urbanismo e Mobilidade (Seplan) e da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agricultura (Sedetag). Vamos aos fatos. À Seplan caberá a “elaboração e desenvolvimento de projetos atinentes às obras realizadas pelo município”, enquanto a Sedetag será “responsável pelas seguintes atividades: alvarás; habite-se; certidões; pedidos de ligação de água, luz e número; análise e aprovação de projetos particulares; fiscalização de obras; fiscalização de posturas; análise e aprovação do parcelamento do solo; e cadastro imobiliário municipal”.

Riscos e necessidades interurbanas

O engavetamento registrado sobre a ponte do Rio Forqueta, na ERS-130, travou uma fatia considerável da logística regional por algumas horas na manhã dessa quarta-feira. O acidente teve como causa crucial o engarrafamento no sentido Arroio do Meio a Lajeado, e o reflexo da ocorrência expôs ainda mais as nossas limitações. Com as duas pistas interrompidas, não havia escape para os veículos pesados – os mais leves ainda conseguiam passar pela histórica Ponte de Ferro. Ou seja, o debate sobre uma nova ponte entre as cidades – e o mesmo vale para outras conexões urbanas – não pode ser deixado de lado. Evoluímos muito nos últimos meses, inclusive com a promessa de um rateio entre prefeituras e Estado. É claro que a enchente mudou a pauta e a necessidade coletiva. Mas reforço. O tema não pode cair no esquecimento.

Batimetria e logística

A cada nova enchente registrada no Vale do Taquari, os mesmos questionamentos. Afinal, como está o fundo, a calha ou o calado do Rio Taquari? Em resumo, os moradores, especialistas e curiosos de plantão querem saber se a profundidade sofreu alterações com a histórica enchente de setembro, e qual seriam os impactos disto na movimentação natural do leito do rio. Sobre isso, uma novidade. Ontem, e na companhia da Diretora Administrativa da E-Log, Andressa Traesel, o prefeito de Estrela e presidente da Amvat, Elmar Schneider (MDB), visitou em Brasília o Diretor de Infraestrutura Aquaviária do Dnit, Erick Moura de Medeiros. Também participaram do encontro o Superintendente do Dnit no RS, Hiratan Pinheiro da Silva, e o Diretor Aquaviário do RS, Eduardo Dubaj. E o gestor estrelense saiu de lá com a garantia de que a batimetria do Rio Taquari – no trecho entre o porto e a barragem de Bom Retiro do Sul – inicia “assim que baixarem as águas”.

TIRO CURTO

  • Errata: na edição de ontem, escrevi que o presidente da Amvat, Elmar Schneider (MDB), comandaria a Assembleia Geral da entidade, agendada para hoje, a partir das 16h, em Fazenda Vilanova. Entretanto, Schneider não retorna a tempo de Brasília e quem vai comandar o encontro é o prefeito de Venâncio Aires, Jarbas da Rosa (PDT).
  • Ainda sobre a Assembleia da Amvat, que ocorre no auditório da Escola Municipal Edgar da Rosa Cardoso e faz parte da programação da ExpoFaz, estão confirmadas as participações de Júlio Salecker, presidente do Fórum Gaúcho das Bacias, e José Scorsatto, Diretor-presidente da FGTAS.
  • Em Teutônia, o vereador Claudiomir de Souza (União Brasil) propôs e o plenário aprovou o título de “Cidadão Teutoniense” para Genir Pithan “pelos relevantes serviços prestados ao município”.
  • Vereador de Estrela, Silas Alvas (PL) solicita a remessa de correspondência à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para que inclua os municípios de Estrela, Lajeado, Cruzeiro do Sul, Muçum e Roca Sales no projeto-piloto para uma nova forma de envio de alertas por SMS à população. E eu incluiria Encantado, Arroio do Meio, Bom Retiro do Sul e Colinas neste enredo.
  • Também em Estrela, o vereador João Braun (PP) sugere uma campanha de arrecadação via pix com a finalidade exclusiva de equipar a Defesa Civil Municipal. Aliás, e sobre isso, o governo federal já aportou recursos às Defesas Civis Municipais. Inclusive em Estrela.
  • “Desafios da Inteligência Artificial” será a pauta da próxima reunião-almoço da Cacis de Estrela, que ocorre amanhã. É uma parceria com a Cacis Mulher, e palestrante convidada é a CEO da Privacy Tools, a analista de sistemas e empreendedora Aline Deparis.
  • Agora é oficial. Foi publicado nesta semana, no Diário Oficial de Lajeado, a nomeação de Cristiano Zanin para “exercer o cargo em comissão de Coordenador de Governo, padrão CC 6, na Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agricultura”.
  • Em Encantado, o vereador Samuel Da Silva (MDB) pede ao Executivo um estudo de viabilidade de isenção total ou descontos proporcionais do IPTU 2024 para os imóveis atingidos pelas cheias do início de mês de setembro. Uma demanda que, com certeza, já estava na pauta do Executivo. Assim como em outras cidades impactadas pela histórica enchente de setembro passado.
  • Errata 2: na edição de terça-feira, troquei as avenidas de Lajeado ao escrever sobre o novo centro comercial no bairro São Cristóvão. Em tempo, eu quis me referir à Av. Alberto Pasqualini, e não à Av. Benjamin Constant.

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