Um mês inteiro para falar de enchentes

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Um mês inteiro para falar de enchentes

As cidades margeadas pelo Rio Taquari e seus afluentes precisam definir espaços e tempos para debater de forma insistente e muito mais incisiva sobre os riscos das enchentes. É preciso reservar um bom período anual para reunir os mais diversos personagens, agentes e especialistas do setor para, juntos, criarmos uma nova cultura regional em defesa da vida e do meio ambiente. Amvat, Amat, Avat, Codevat, CIC/VT, associações comerciais e outras tantas entidades civis organizadas precisam reservar um mês inteiro para encontrar soluções e mitigar, de uma vez por todas, os mais diversos efeitos e impactos causados pelos fenômenos climáticos. E tudo isso em parceria com os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Na região de Blumenau (SC), por exemplo, onde as enchentes também são recorrentes e os efeitos já foram mortais em tempos passados e recentes, os catarinenses aderiram ao Julho Laranja. Em suma, os principais atores do desenvolvimento social e econômico do município se organizam para as mais variadas atividades lúdicas acerca dos riscos, características, fatores e formas de mitigar e enfrentar os efeitos dos fenômenos climáticos. Simulados em escolas, palestras para os pais e estudantes, exposições fotográficas, plantios de mudas nas matas ciliares e na conservação de taludes, mesas de debates e outras ações são alguns movimentos orquestrados durante os 30 dias. Uma forma simples e efetiva de manter o debate em alta e evitar o esquecimento.

Turismo e logística em pauta

O turismo já era a nova “menina dos olhos” da região. E não será diferente após a tragédia de setembro. Com produtos e espaços com potencial para atrair visitantes de qualquer parte do mundo, o Vale precisa ser estratégico para não perder a gama de oportunidades gerada a partir do Cristo Protetor, especialmente, e muito bem potencializada com as constantes inaugurações de novos pontos turísticos e gastronômimcos nas áreas urbanas e rurais de nossas cidades. Paralelo a isso, a logística também é importante neste contexto de reestruturação regional. Sabedor de tudo isso, o presidente da Amvat e prefeito de Estrela, Elmar Schneider (MDB), lembrou de levar o livro do Vale do Taquari na viagem a Brasília. Na imagem, e na companhia do prefeito de Arroio do Meio, Danilo Bruxel (PP), e da Diretora da E-Log, Andressa Traessel, ele entregou a publicação ao Ministro dos Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho. Também estavam no encontro o deputado federal Daniel Trzeciak e o Secretário Nacional de Aviação Civil, Juliano Noman.

Mais pedidos em Brasília

A terça-feira foi de muita argumentação regional em Brasília. Prefeitos e vereadores das cidades impactadas pela histórica enchente de setembro foram até o congresso nacional reforçar – mais uma vez – os diversos pedidos já encaminhados e protocolados junto ao governo federal e à câmara dos deputados. Paralelo a isso, os agentes públicos do Vale do Taquari também palmilharam pelos ambientes dos ministérios para cobrar – mais uma vez – a necessária agilidade no encaminhamento das promessas da União. Ou seja, e mesmo diante da maior tragédia da nossa história, os trâmites para a liberação de recursos e construção de políticas públicas para socorrer a população ainda dependem das velhas e burocráticas práticas políticas. No caso, a eterna ponte aérea com a capital federal.

A tragédia, as cestas básicas e as eleições

Os primeiros dias pós-tragédia exigiram esforços múltiplos por parte dos servidores públicos. Concursados e comissionados deixaram de lado suas funções básicas – e legais – para colocar a mão na massa e devolver segurança e tranquilidade para milhares de contribuintes. Foi um movimento necessário e crucial naquele momento. Mas, e isso precisa ser melhor observado pelos órgãos fiscalizadores e judiciários, já se passaram mais de 40 dias da catástrofe do Rio Taquari. E hoje a entrega de mantimentos, cestas básicas e demais produtos oriundos dos mais variados entes públicos precisa ser feita de forma institucional. Em suma, e isso vale para todas as cidades impactadas, a tragédia não pode servir de palanque para angariar votos em 2024.

TIRO CURTO

  •  A Comissão Processante instaurada na câmara de Teutônia chegou à última etapa de depoimentos nessa terça-feira. Os vereadores investigam uma denúncia de fraude de diárias contra o vereador Claudiomir de Souza (União Brasil). Souza foi ouvido ontem. E pareceu tranquilo. Mas o que mais chamou a atenção foi a ausência do relator do caso, Hélio Brandão (PTB). Já o presidente da CPI, Cleudori Paniz (PSD), e o secretário, Vitor Krabbe (PDT), estavam presentes.
  • Aliás, e ainda sobre o depoimento de Claudiomir de Souza (UB), só três vereadores acompanharam o fato na plateia: Neide Schwarz (PDT), Evandro Biondo (MDB) e Valdir Griebeler (PSDB). Diego Tenn Pass (PDT), o autor da denúncia em 2021, também não estava presente.
  • O programa “Renasce Estrela” foi prorrogado por mais 30 dias. Ou seja, o prazo para solicitação vai perdurar até a segunda semana de novembro. E o mesmo vale para o “Renasce Agro Estrela”. Juntos, os dois programas já liberaram mais de R$ 2,8 milhões para 133 MEI´s e micro empresas e 47 empresas ligadas ao agronegócio.
  • Na segunda-feira, um grupo de profisionais do Hospital São José de Taquari visitou o Hospital Bruno Born. Na pauta, inspirações para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
  • A Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat) convidou representante do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) para participar de uma reunião da entidade. Alice Silva de Castilho é Diretora de Hidrologia e Gestão Territorial da entidade. Ainda não foi definida a data para o encontro.
  • Em Lajeado, o vereador Lorival Silveira (PP) pede uma sinaleira no entroncamento da Rua Sete de Setembro com a Rua Carlos Sphor Filho, no Moinhos. Já a vereadora Ana da Apama (MDB) pede a implementação do programa “Servidor Amigo do Autista”, que trata da Capacitação técnica de todos os servidores municipais no atendimento às pessoas com o Transtorno do Espectro Autista.
  • Mas quem roubou a cena no plenário lajeadense foi o vereador Carlos Ranzi (MDB). Ele levou um rolo de papel com a lista das 736 crianças que estão na espera por vagas nas creches da cidade. A cena rendeu boas imagens, é claro, e o prefeito Marcelo Caumo (PP) afirma que o número elevado é fruto do fim do ano letivo. Por fim, o gestor projeta atender toda a demanda em janeiro. Aguardemos!

Acompanhe
nossas
redes sociais