Muito além da conclusão do Plano da Bacia Taquari/Antas, estacionada no tempo desde 2012, o Rio Grande do Sul possui outros tantos planos, estratégias e políticas públicas esquecidas em alguma gaveta de algum cargo comissionado sem tempo para analisá-las. E, entre essas ações esquecidas e engavetadas pelo tempo e pela incompetência pública, um destaque especial à prometida Política Estadual de Gestão de Riscos de Desastres Naturais. Eu explico. Um anteprojeto de lei foi encomendado pelo ex-governador José Ivo Sartori (MDB) à empresa Codex, a um custo superior a meio milhão de reais. Mesas temáticas, encontros diversos e seminários foram realizados com a participação de diversas instituições. Mas o documento, finalizado em 2017, ainda não foi devidamente avaliado pela assembleia legislativa.
E não paramos por aí. Além do Plano da Bacia Taquari/Antas, e da Política Estadual de Gestão de Riscos de Desastres Naturais, os agentes fiscalizadores também apontam para um terceiro atraso. Eles alertam para a ausência do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) do RS, fato esse que é objeto de investigação do MPF. Os estudos para o ZEE iniciaram em 2012, e foram finalizados em 2019. Foram sete anos de trabalhos a um custo aproximado de R$ 8,5 milhões. No entanto, o mecanismo anunciado para garantir suporte à tomada de decisões sobre o uso socioeconômico e ambiental da terra também segue parcialmente engavetado no governo estadual. Ou seja, e se olharmos para trás, vamos perceber que a negligência prosperou em diversos níveis. Mas “não é hora de olhar para trás”, dizem. Pois que seja a hora de estancar os erros e levar os projetos adiante.
Argenta pede mais agilidade
Presidente da Calçados Beira Rio, Roberto Argenta não esperou uma semana pós-catástrofe para anunciar a retomada dos trabalhos na imponente estrutura em Roca Sales. No dia 11 de setembro, seis dias após o Rio Taquari destruir milhares de residências, centenas de empresas e ceifar mais de 50 vidas, o empresário concedeu entrevista ao Grupo A Hora para anunciar à imprensa a permanência da empresa em solo roca-salense, e assim manter as mais de 700 vagas de emprego. Naquele momento, e ainda sem informações mais precisas acerca dos prejuízos – ultrapassam os R$ 30 milhões –, ele estimou a retomada em “até 60 dias”. Nem precisou tanto. Pouco mais de um mês após o alentador anúncio, e a fábrica já voltou a operar. Neste intervalo, e apesar de importantes repasses e encaminhamentos por parte do governo federal, ainda não iniciaram as contratualizações via BNDES. E nessa sexta-feira, 13, durante a cerimônia de reabertura da empresa, Argenta criticou a demora no envio de recursos ao Vale. “Gastaram com jatinho pra cá e pra lá, mas ainda não chegou nada de dinheiro”. A fala do empresário, ex-prefeito de Igrejinha e candidato a governador pelo PSC no pleito passado desagradou alguns agentes públicos presentes. E isso é do jogo.
Lajeado pode ser (ainda) mais inteligente
A sexta-feira registrou um transtorno desnecessário na principal artéria viária de Lajeado – que reflete em outras tantas vias municipais e até na BR-386. No fim da manhã, um intenso engarrafamento foi causado pela pintura de meia dúzia de faixas de segurança na Av. Alberto Pasqualini, entre o entroncamento com a Av. Acvat e a extensão da rua Bento Gonçalves, no sentido bairro-Centro. Durante boa parte do dia, havia apenas uma faixa disponível para o tráfego de veículos – são três faixas naquele trecho da avenida. Por óbvio, e especialmente nos momentos de pico, a tranqueira se estendeu para muito mais adiante, gerando um desnecessário transtorno – reforço – até mesmo nas proximidades da Av. Piraí, lá no distante bairro São Cristóvão. Ora, vamos combinar. Uma cidade inteligente, premiada pela inovação, também pode funcionar de madrugada.
TIRO CURTO
- Presidente do PDT de Encantado, Everaldo Delazeri ficou sabendo pela imprensa sobre a nomeação de Fabiano Lemos (PDT) para a Secretaria de Habitação e Assistência Social. E é claro que isso não pegou bem e deve gerar novos capítulos dentro da atual coligação.
- A promessa é finalizar a obra no trecho urbano da ERS-130 (em Lajeado) ainda em 2023. Mas ao passar pelo local é difícil crer nesta promessa. Tomara que eu esteja errado.
- No início da próxima semana, uma comitiva de prefeitos e outros agentes dos governos municipais do Vale do Taquari embarcam para Brasília. Nas maletas, pedidos por muito mais recursos e/ou no mínimo a liberação de tudo que já foi prometido às regiões mais afetadas pela histórica enchente.
- Prefeito de Estrela e presidente da Amvat, Elmar Schneider (MDB) integra a comitiva. Em âmbito regional, ele reforça a necessidade de uma Defesa Civil mais robusta no Vale do Taquari. E o assunto também deve tramitar na capital federal.
- A boa política exige diálogo entre agentes públicos. E o vereador de Lajeado, Waldir Blau (MDB), é experiente e sabe do que eu estou falando. Dito isso, e sempre pensando no bem da comunidade, acredito que ele pode repensar a forma de dialogar com o secretário de Saúde, Cláudio Klein.
- Em tempo, o Escritório do Governo Federal completou duas semanas de operações em Lajeado, sob a batuta do Secretário da Secom, Maneco Hassen (PT). No período, foram liberados mais de R$ 15 milhões para ações de urgência. Além disso, foram atendidos formalmente 22 municípios e 16 entidades dos setores da cultura, saúde e assistência rural.