Falta de prestígio na sociedade, envelhecimento e desinteresse dos mais jovens ameaçam a profissão de professor. Esse é o resumo da pesquisa divulgada na manhã de ontem pelo Observatório Sesi da Educação.
A apresentação ocorreu em Porto Alegre, no Centro de Formação de Professores, durante mais a programação do Com@Ciência. O estudo aponta que o RS terá um vácuo de professores na Educação Básica a partir de 2035, com um saldo negativo de 1.057.
O levantamento considera o total da população gaúcha de 4 a 18 anos e a oferta de docentes. Conforme a gerente de Operações do Instituto Sesi de Formação, a economista Ecleia Conforto, foi calculada a média do estado de 20 alunos por turma para determinar a demanda estimada de profissionais nas salas de aula.
“Mesmo com a redução no número de jovens, devido ao envelhecimento da população, em 2040 faltarão mais de 10 mil professores para atuar nas escolas do Estado”. Em cima disso, afirma que há um desinteresse dos mais jovens em seguir a profissão.
Conforme as projeções, o RS terá um quadro de 83.783 docentes em atividade em 2040, mas a demanda de alunos exigirá que esse contingente seja de 94.137 professores – o que configura um déficit de 10.354 profissionais nas redes pública e privada.
Há diversos fatores para esse resultado, acredita. “Os pais não estimulam os filhos às licenciaturas. Dizem: ‘é inteligente demais para fazer História, tem que estudar Medicina’.”
Como resultado dessa perda de status, a pesquisadora adverte para o impacto negativo na qualidade de todas as profissões. Pelo relatório, há uma retração de 59% no total de formados nos cursos superiores voltados para a docência entre 2010 e 2021.
Entrevista
Juliano Colombo• superintendente do Sesi-RS
“Todos os olhares do Rio Grande estão no Vale do Taquari”
Na abertura do Com@Ciência, o superintendente do Sesi-RS, Juliano Colombo, anunciou o apoio a 21 escolas do Vale do Taquari que sofreram perdas após a enchente dos dias 4 e 5 de setembro. Em entrevista, detalha a estratégia do serviço em contribuir com a reconstrução local.
A Hora – Como o Sesi estruturou a rede de atuação aos colégios do Vale?
Juliano Colombo – Desde a primeira semana deslocamos nossas equipes. Começamos com áreas de saúde, de atendimento voltado ao psicológico também. Organizamos redes de doação para levar móveis, utensílios. Entendemos que primeiro eram as necessidades básicas, de cuidar das pessoas e ajudar com alimentação.
Depois fomos avaliar a campo as escolas. Vimos muitos prédios afetados. Tomamos a decisão, inclusive sobre este evento. O Com@Ciência seria uma programação para 15 mil pessoas no Parque de Exposição da Fiergs.
Resolvemos usar nossos esforços e recursos para ajudar a região. Todos os olhares do Rio Grande estão no Vale do Taquari.
– De que maneira será essa atuação?
Colombo – Nossa ideia é fazer com que as escolas tenham ganhos na retomada. Por enquanto, começamos com 21 escolas. Algo perto de 17 mil alunos impactados. Sabemos que é um trabalho contínuo. Não adianta atuar algumas semanas. Na educação, os processos levam meses. Estamos preparados para atuar por bastante tempo.
Faremos uma série de ações, com entregas de materiais didáticos, esportivos, para aulas de música, kits de robótica, jogos pedagógicos. Tudo o que pudermos ajudar e que julgamos necessário para retomar a educação.
– Quanto será investido?
Colombo – Temos uma estimativa, pois muito do custo será de estrutura, de pessoal. Diretamente, serão mais de R$ 2 milhões.