A imagem de cones colocados em estacionamentos na área comercial de Taquari chama atenção. Tudo como uma forma de tentar garantir um ponto de parada em frente aos próprios estabelecimentos.
Essa cena tem por trás uma divergência entre os próprios lojistas e demonstra que há falta de vagas para estacionar. “Funcionários da loja aqui do lado param o dia inteiro na minha frente. Isso prejudica muito porque os meus clientes não têm onde parar”, afirma um empreendedor que prefere não se identificar. Outros dão como justificativa a garantia de poder fazer carga e descarga de produtos.
Conforme a presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Gabriela Pereira Soares, há um problema sério pela falta de vagas nas duas principais ruas do município, a Sete de Setembro e a Osvaldo Aranha.
“Não são só os cones. Tem quem coloca caixas na frente das lojas. Tudo para ser uma barreira para não estacionarem. Há muita reclamação entre os estabelecimentos vizinhos. É um assunto que tem causado até desgaste entre os empresários.”
Esse impasse, diz Gabriela, mostra que é preciso rediscutir o uso do espaço público na cidade, em especial para uma retomada da cobrança por vagas, com um sistema de vagas rotativas.
O assunto está em debate dentro do governo municipal. No início do ano foi contratada uma empresa para fazer o Plano de Mobilidade. De acordo com o vice-prefeito, Ramon Kern de Jesus, o diagnóstico considera a circulação de veículos, as condições dos passeios públicos, a possibilidade de instalação de ciclovias, pontos de risco viário além dos estacionamentos.
Relatório preliminar
Foram pelo menos duas audiências públicas com integrantes da área comercial. Pelo levantamento prévio, a indicação é que o município comporta um sistema rotativo devido ao alto índice de motorização.
Dados do Detran/RS apontam que são mais de 19,5 mil veículos emplacados em Taquari. Equivale a 0,77 veículo por habitante, um índice de motorização considerado elevado. “Pelo estudo técnico, há o apontamento de que será necessário cobrar pelo uso do estacionamento nas duas ruas”, afirma o vice-prefeito.
“Esse será um debate que precisamos fazer com toda a sociedade. Não podemos continuar da maneira que está, isso nós sabemos”, diz Ramon de Jesus. Em cima disso, alerta: “para o rotativo ser viável, precisamos ter uma empresa que gerencie os espaços. É um serviço que precisa dar lucro. A comunidade precisa entender que terá de pagar.”
Pouca participação
Nas reuniões com os lojistas para tratar sobre uso do espaço público, houve pouca presença. “Temos uma dificuldade muito grande de participação”, admite o vice-prefeito. A presidente da CDL corrobora a análise. “Convidamos todos os nossos associados. São mais de 180 lojas aqui. No dia da reunião aberta na câmara de vereadores, se teve sete pessoas foi muito”, destaca.
Experiência negativa
Entre os anos de 2014 e 2015 foi tentado um sistema de rotativo no município. Na época, o prefeito era Maneco Hassen. Depois da pressão popular, o modelo foi desfeito. Pelas regras, havia tolerância de 15 minutos. Mas o tempo não era respeitado pelos motoristas.
“Houve muita reclamação. As pessoas saiam e não pagavam. Nunca respeitaram a norma”, relembra Gabriela. “Precisamos tratar desse assunto. Mas há pouco interesse. Depois que for instalado o rotativo, é fácil reclamar. Agora para se envolver e buscar alternativas, poucos se prontificam”, critica a presidente da CDL.
Essa uma tentativa particular de regrar o uso do espaço público é irregular, alerta a Brigada Militar. Segundo o comando no município, há logistas que solicitam a vaga às autoridades por tempo limitado para carga e descarga de produtos.
Neste caso é autorizado, desde que cumprido o tempo estabelecido. Com relação a reserva sem justificativa, o responsável pode ser autuado. Inclusive a BM solicita à população que informe a polícia quando perceber alguma irregularidade.