Após as cheias do início do mês de setembro, o questionamento de como lidar e superar o trauma deixado na vida das pessoas atingidas é um dos principais pontos discutidos. A temática foi abordada no Workshop em Justiça Restaurativa realizado na manhã desta quarta-feira, 27, em Porto Alegre.
O evento, promovido pela Escola da Magistratura da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (AJURIS), teve como mediadora a professora norte-americana e especialista e pioneira na prática de Círculos, Kay Pranis. Na ocasião, um grupo de mais de 50 pessoas da região esteve presente. Entre elas estavam autoridades de Lajeado e facilitadores.
Com o tema “Círculos de Justiça Restaurativa e Construção de Paz: Práticas restaurativas em situações de desastres e traumas coletivos”, a oficina explorou os princípios que sustentam os círculos restaurativos e como eles podem ser usados na resolução de casos como o acontecido.
Em sua fala, Kay reforça a importância do acolhimento e escuta empática nesse período. Para ela, os círculos, principalmente em momentos pós-traumáticos, são fundamentais no trabalho de recuperação das vítimas por serem locais de igualdade, respeito e voltados ao cuidado e atenção com quem precisa.
Coordenadora do Pacto Lajeado Pela Paz, Tânia Fröhlich Rodrigues, comenta que, após a fala da especialista, passaram a pensar em novas ações para a ampliação do projeto e formação de facilitadores. Ela frisa a importância de terem o projeto já antes de acontecimentos como a enchente porque, agora, o trabalho é mais fluído e assertivo.
“Temos pedidos recorrentes para levar os círculos a outros locais da região. Muitas pessoas realizam eles mesmo sem a formação. Esse reconhecimento e aderência nos comove”. O objetivo, agora, explica Tânia, é reunir um comitê gestor para decidir como acolher pessoas de outros locais da região e do estado que têm interesse em fazer parte da iniciativa e levá-la para outros locais.
Dedicação pela paz
Com um momento de abertura e fechamento organizado por facilitadores e autoridades envolvidas com o Pacto, o promotor de Justiça do Ministério Público do Rio Grande do Sul, Sérgio Diefenbach, foi responsável pelo ato inicial. Em sua fala relembrou o choque da situação e, principalmente, o estado mental das famílias que perderam tudo com a água.
“É um momento muito triste, as pessoas não têm motivação e nem condições para fazerem grandes movimentos. Nessas horas vemos a importância de ter voluntários nos locais prestando apoio e escutando aqueles que precisam. Todos aqueles que, de alguma forma, ajudam a espalhar a paz nesse momento são muito importantes”, destaca.
“Precisamos unir nossas forças, nos mostrar numerosos e fortes. É fundamental convencer os gestores de que esse apoio é importante”. Segundo Diefenbach, a maior parte das famílias já viviam em situação vulnerável, por isso a necessidade do acolhimento, cuidado e segurança nesse momento.