De bem com o envelhecer

SAÚDE E BEM-ESTAR

De bem com o envelhecer

Seja para colocar a saúde em dia ou fazer amigos, grupos de terceira idade desempenham um papel cada vez mais importante. Em Lajeado, o projeto Maturidade Ativa do Sesc é um exemplo e completa 20 anos neste sábado, 23

De bem com o envelhecer
Lajeado

Tricô, pintura, receitas culinárias. Para passar o tempo, ocupar a cabeça e fazer amizades, é em tarefas manuais que Gladis Terezinha Delavald, 70, encontra saúde e bem-estar. Moradora do bairro São Cristóvão, de Lajeado, ela integra o Grupo Maturidade Ativa do Sesc, que completa 20 anos neste sábado, 23.
Gladis conta ter começado a frequentar o grupo há nove anos, quando se aposentou. Depois de ter atuado em uma floricultura por cerca de uma década, a necessidade de uma prótese no joelho a desanimou.
“Fiquei debilitada, estava meio perdida, e me falaram da Maturidade Ativa”, conta. Antes de se aposentar, ela já participava da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (Oase), e foi presidente do grupo por 12 anos. “A gente tem que ter amigos, participar de um grupo pra não ficar sozinhos. Só em casa não dá. Tenho a companhia do meu marido, mas cada um tem que ter suas coisas também”, acredita.
Para Gladis, o carinho e companheirismo encontrado nos grupos de amigas é o maior benefício. Além disso, cita as palestras, passeios e atividades que desenvolve, agora, na Maturidade Ativa.
Com a prática do tricô desde criança, faz cinco anos que ela começou a fazer roupinhas de crianças para doar às instituições sociais, junto ao grupo do Sesc. “Tenho Parkinson, tenho que estar ativa. No grupo, uma cuida da outra”.
Outra atividade que ocupa a agenda dela durante a semana é o jogo de canastra com as amigas do bairro, toda quarta-feira. Assim como o almoço e a tarde com os três netos. Gladis ainda diz que nas férias de verão, Maria Catarina, Pedro Juliano e Eduarda passam os dias com os avós e foram eles que ensinaram as crianças a nadar. As meninas também gostam de ir à cozinha e todos a ajudam a colorir os livros que ela gosta de pintar.

20 anos

Um trabalho em prol do envelhecimento ativo e saudável. Assim o programa Maturidade Ativa do Sesc é definido. Voltado para pessoas acima de 50 anos, também está ligado ao Plano de Ação Internacional sobre o Envelhecimento, da Organização das Nações Unidas (ONU).
Lajeado foi a primeira unidade do Sesc no estado a criar um grupo de terceira idade com estes fins. “São 20 anos de história à frente do Maturidade Ativa em Lajeado, dos quais sinto muito orgulho. Sigo aqui pois acredito na missão do programa e também no propósito do Sesc/RS, que é cuidar, emocionar e fazer as pessoas felizes”, afirma a facilitadora Débora Mallmann, que coordena o grupo desde o primeiro dia.
Para ela, a iniciativa é ainda mais relevante quando relacionada a outros projetos da instituição, como o Mesa Brasil Sesc e Pedacinhos de Amor. Assim, os integrantes do grupo contribuem, não somente com doações, mas com tempo e talento, por exemplo, na confecção de roupas de inverno em crochê para pessoas em situação de vulnerabilidade.
O evento de celebração dos 20 anos do projeto foi adiado devido a enchente que também atingiu a instituição, mas os encontros dos participantes continuam nas terças-feiras, das 14h às 16h, em um espaço provisório no Senac.
Interessados em participar do grupo podem contatar a unidade pelo número (51) 98924-4318. Além das reuniões, o programa tem um calendário de ações que incluem passeios e integrações com grupos de outras cidades. Os integrantes de Lajeado agora se preparam para a 18ª Convenção Sesc Maturidade Ativa, que ocorre entre os dias 21 e 23 de novembro, em Torres.

“Terça é o dia da Maturidade Ativa”

Entre os 126 idosos que participam do Maturidade Ativa em Lajeado, está Solange Brandt, 87, que foi a primeira presidente do grupo, ainda em 2003. A vida dela sempre foi animada. Gerente de uma marca de cosméticos, era comum estar com o pé na estrada. Depois da aposentadoria, as coisas ficaram mais calmas.
Em 2000, três anos depois de se aposentar, Solange perdeu o marido. A partir de então, para não ficar parada e se deixar levar pela tristeza, se aproximou ainda mais das amigas, com quem organizava viagens.
Em 2003, recebeu o convite para participar do grupo de teatro Caras e Coroas. “Eu digo que estava no lugar certo, na hora certa. Eu cheguei no Sesc e tinha uma reunião, que era para o lançamento do Maturidade Ativa”, lembra.
Conforme a aposentada, entre todas as atividades, as que ela mais gosta são as palestras e os passeios. Estar junto das amigas também faz bem para a cabeça e coração. “Conheci pessoas novas e reencontrei pessoas que não via há anos. É um retorno para as raízes”.
Há 20 anos, Solange não abre mão de participar dos encontros. “Sempre que posso, não marco nada na terça-feira, nem médico, porque é o dia da Maturidade Ativa. É o meu dia”, ressalta. Para ela, participar do grupo é uma forma de manter a vida em movimento.

Momento de integração

Há 15 anos, Rita Doebber, 66, procurou pelo Sesc em busca de atividades extracurriculares para os netos. O Sesquinho já não se encaixava mais para a faixa etária dos pequenos, mas foi naquela visita que a professora descobriu o Maturidade Ativa. Por curiosidade, resolveu participar de um encontro.
“Quem vai uma ou duas vezes não consegue mais largar. É viciante”, brinca. Na época, Rita tinha 50 anos e ainda trabalhava como professora em Estrela. As manhãs eram em sala de aula, mas as tardes de terça-feira sempre eram destinada às atividades com as amigas, que também integram o grupo há anos.
De todas as ações, as que Rita mais gosta são as viagens e palestras. “Temos debates sobre assuntos muito importantes. Coisas que às vezes os idosos não sabem. É muito conhecimento”, comenta. A amizade também é um ponto de destaque na trajetória da professora. Em tempos difíceis, uma ajuda a amparar a outra. “A gente se abraça, chora junto, se ajuda. Eu só tenho a agradecer ao Sesc por tudo isso”.

Benefícios dos grupos de convivência

Evitar a solidão – a solidão pode causar diversas doenças, tanto físicas quanto emocionais, e se tornar um problema sério e difícil de ser contornado;

Praticar atividades diferentes – durante um encontro, pode-se explorar novas atividades, expandir os limites e se criar experiências com os colegas;

Socializar com outras pessoas – por mais que o idoso receba visitas dos familiares, é fundamental que ele socialize com pessoas da sua faixa etária;

Sair de casa – para muitos idosos, sair de casa é um grande desafio. Quando ele tem uma razão para sair de casa, a tendência é que a saúde melhore, assim como o humor;

Manter uma rotina – é comum na terceira idade que haja uma perda de noção de tempo, principalmente quando o idoso não segue uma rotina definida. Os grupos de convivência para idosos podem ser uma forma de restabelecer esse equilíbrio.

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