Os números são assustadores. Milhares de residências foram destruídas, danificadas ou condenadas após a história enchente do Rio Taquari. São dezenas de milhares de pessoas impactadas. Bairros foram devastados pelas forças das águas e o cenário é de muita incerteza em diversas localidades de Muçum, Roca Sales, Encantado, Arroio do Meio, Lajeado, Estrela, Cruzeiro do Sul, Bom Retiro do Sul, Colinas e Venâncio Aires. Um verdadeiro dilema habitacional foi instaurado em todo o Vale do Taquari. Afinal, é seguro retomar a vida e os negócios em áreas atingidas pela catástrofe da semana passada, ou será preciso recriar bairros e centros administrativos bem acima das cotas de inundações atuais e, desta forma, remodelar todo o sistema urbano e logístico em algumas localidades? Se optarmos pela segunda opção, o que não seria nenhum absurdo ou novidade em solo brasileiro – um exemplo é a cidade de Branquinha, no Alagoas – teremos uma chance única para realinhar erros históricos e já consolidados de ocupação urbana. Mas é preciso acertar.
A urbanização em áreas alagáveis é histórica, reforço. As primeiras ruas de Lajeado, por exemplo, ficam às margens do Rio Taquari. A proximidade com a água era uma necessidade latente entre os primeiros colonizadores. Foi assim em boa parte dos municípios abençoados com a presença desses mananciais. Ou seja, estamos falando de uma cultura enraizada nas comunidades, mas que precisa ser quebrada. Recentemente, e sem o apelo social e econômico gerado pela catástrofe que resultou em mais de 50 mortos, o Vale do Taquari já experimentou alguns movimentos mais tímidos de reocupação urbana. Em Lajeado, o principal exemplo é o residencial popular Novo Tempo, entre os bairros Santo Antônio e Jardim do Cedro. Em Estrela, o exemplo é o condomínio Nova Morada. Em ambos os casos, e hoje é possível atestar, o tempo tratou de apontar uma série de problemas gerados pela falta de estratégia na escolha dos modelos e locais para as residências. Muitos eram previsíveis. Outros tantos, não. Desta vez, e diante de tanto apelo e recursos, não podemos mais errar. A urbanização em áreas alagáveis é histórica, reforço. As primeiras ruas de Lajeado, por exemplo, ficam às margens do Rio Taquari. A proximidade com a água era uma necessidade latente entre os primeiros colonizadores. Foi assim em boa parte dos municípios abençoados com a presença desses mananciais. Ou seja, estamos falando de uma cultura enraizada nas comunidades, mas que precisa ser quebrada. Recentemente, e sem o apelo social e econômico gerado pela catástrofe que resultou em mais de 50 mortos, o Vale do Taquari já experimentou alguns movimentos mais tímidos de reocupação urbana. Em Lajeado, o principal exemplo é o residencial popular Novo Tempo, entre os bairros Santo Antônio e Jardim do Cedro. Em Estrela, o exemplo é o condomínio Nova Morada. Em ambos os casos, e hoje é possível atestar, o tempo tratou de apontar uma série de problemas gerados pela falta de estratégia na escolha dos modelos e locais para as residências. Muitos eram previsíveis. Outros tantos, não. Desta vez, e diante de tanto apelo e recursos, não podemos mais errar.
Uma central para sair do papel
Logo após a histórica enchente de julho de 2020, quando o Rio Taquari já nos impressionou com os 27m39cm registrados em Lajeado, o Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat) iniciou um importante movimento. Sob a batuta da então presidente Cíntia Agostini, a entidade provocou a criação de uma Central de Monitoramento Hidrométrico para antecipar e entender melhor os eventos climáticos. A proposta era implantar tecnologias para o controle e mapeamento das chuvas e níveis dos mananciais. À época, o orçamento repassado para a Amvat e prefeitos para instalação e manutenção (durante nove anos) de 40 pontos para monitoramento pluviométrico e linimétrico era de R$ 1,4 milhão. As conversas não avançaram e o projeto nunca saiu do papel.
Tiro curto
- O governo de Lajeado contratou a empresa Sieg Engenharia e Construções para executar a obra de uma quadra de basquete no Parque Ardi Stork (ou Parque Linear), junto à Av. Décio Martins Costa.
- Levando em conta a cota de inundação prevista pelas regras municipais, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Lajeado contabiliza 1.976 empresas impactadas pela enchente.
- Em âmbito regional, o mapeamento prévio da CIC/VT aponta que 77% das mais de mil empresas já analisadas perderam o estoque de matéria-prima em função da enchente.
- Diversos empreendimentos impactados direta ou indiretamente pela tragédia da semana retrasada já iniciaram os processos de demissões de funcionários. Um problema ainda pouco debatido.
- Os bilhões em aportes ou empréstimos financeiros já anunciados pelos governos estadual e federal ao Vale do Taquari, e a necessidade urgente de construção de novas moradias às centenas de desabrigados, despertam o interesse de diversas construtoras do Brasil.
- Não há o que não haja. Se por um lado existem agentes públicos aproveitando-se da tragédia para garantir votos em 2024, outros tantos se utilizam do momento para tentar emplacar fake news e intrigas entre políticos e eleitores. E, diante de tantos conflitos, o Ministério Público precisa agir para mitigar os problemas.
- A Amvat está preocupada com o Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do RS (Saers), cujo resultado impacta na distribuição de recursos estaduais aos municípios. O assunto foi levado à Secretaria Estadual de Educação (Seduc), que até o dia 20 de outubro deve encaminhar uma solução aos municípios atingidos pelo ciclone extratropical. As provas iniciam no dia 20 de novembro.