Como surgiu esse gosto pelo trabalho com crianças?
Ingressei na área da educação muito jovem, ainda no Curso Normal (Magistério), em Encantado. Depois, na faculdade de pedagogia, seguimos trilhando as experiências com as crianças. Juntas, eu e a Dienifer Lídia Habitzreiter somamos uma rica bagagem de estudos como professoras. O amor pelos alunos e o propósito de transformar a educação em algo inovador sempre nos uniu, tendo como visão pedagógica a criança como protagonista da sua própria aprendizagem.
Como funciona o projeto?
Surgiu durante as cheias no Vale do Taquari. Com o cenário que se instalava nos municípios mais próximos de Encantado, o que se encontrava era uma situação muito triste. Dienifer e eu resolvemos criar uma ação que visa um olhar atento às crianças, afinal, imagina o impacto disso na infância desses pequenos. Sem escolas, sem casa, sem brinquedos e com as famílias morando em alojamentos, pensamos nesta ação com intuito de proporcionar oficinas lúdicas de recreação para levar diversão e alegria às crianças, com doações de material didático e brinquedos. Iniciamos em Encantado. Nossa intenção é ir para os municípios vizinhos, Roca Sales e Muçum. Assim, novos voluntários como Juliana Souza e Gabriel Farias se juntaram à ação solidária.
Como as crianças lidam com eventos como este?
As crianças ficam abaladas emocional e psicologicamente, com suas emoções confusas, enfrentando sentimentos desafiadores diariamente. Como consequência, surgem traumas como crise do pânico e frustrações ligadas à insegurança da perda da família e de bens materiais. Para que isso se torne mais leve, se indica a psicoterapia. Mas, quando nem todos têm acesso, podemos trabalhar de maneira gratuita envolvendo a parte pedagógica, com brincadeiras lúdicas, jogos, oficinas de pintura. Com amor e força de vontade a gente transforma o mundo.
Qual a importância desses momentos?
Para nós, esta ação é importante para distrair as crianças com diversão, dando um pouco de alegria, carinho e atenção, para que não saiam totalmente traumatizadas diante do cenário vivenciado. Assim como a doação de brinquedos, para que possam se distrair com algo e não se sentir tristes por tudo que perderam. Com os materiais pedagógicos, podem ler ou pintar nos dias chuvosos e até durante a noite, e compartilhar com os amigos. Em muitos relatos, as crianças comentaram que seus materiais ficaram na escola e foram levados pela enchente