Reação e sorrisos em Roca Sales

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Reação e sorrisos em Roca Sales

Há pouco mais de duas semanas, o Frente e Verso foi realizado em meio aos escombros de uma galeria localizada na Av. Daltro Filho, no centro de Roca Sales. O histórico programa ocorreu no dia 7 de setembro, após o nível do Rio Taquari voltar ao leito normal. O cenário era caótico. Não havia energia elétrica e internet. E os sobreviventes estavam sem o devido acesso à água. As levas de voluntários recém iniciavam a peregrinação e o Exército ainda não havia chegado ao Vale do Taquari. Para garantir a transmissão, utilizamos internet via satélite e gerador de energia. Um movimento necessário para dar luz e voz aos mais atingidos, em um momento de pouca esperança e muito desespero. Ontem, duas semanas após aquele triste feriado, a programação novamente foi transmitida daquela cidade. Desta vez, porém, para destacar a retomada das aulas na unidade do Colégio Evangélico Alberto Torres, cuja sede também foi parcialmente destruída. E os dois cenários acima simbolizam o ritmo da reação comunitária. Ainda falta muito, é bem verdade. E pra sempre faltará. Mas o sorriso dessas crianças já é uma vitória e tanto.

Quilos e quilos de solidariedade

Sim, uma briga pontual quase roubou a cena em Muçum. Mas os brigões não merecem mais do que essa linha. Afinal, o “Churrasco Tradicionalista Solidário”, realizado no feriado farroupilha, na Praça Cristóvão Colombo, foi um sucesso absoluto. Centenas de quilos de carne e dezenas de voluntários demonstraram, mais uma vez, que a reconstrução do Vale do Taquari é apenas uma questão de tempo. É emocionante registrar a força do voluntariado da nossa região e de outros tantos pagos do Rio Grande do Sul e do Brasil. Não fosse assim, nem os bilhões já anunciados pelos governos federal e estadual seriam suficientes para devolver luz e esperanças à região.

Planos de Governo

O pleito municipal de 2024 precisa levar em conta a tragédia da semana retrasada. Em 2020, e ainda sob o efeito danoso e mortal da pandemia, pouco se falou sobre as ameaças constantes das cheias do Rio Taquari e seus afluentes – mesmo após a histórica enchente de julho daquele ano. Naquela eleição, boa parte dos prefeitos eleitos não tratou do tema em seus respectivos planos de governo, por exemplo. Desta vez, com o impacto mortal da última enchente – e sem condenar sumariamente os esquecimentos de outrora, afinal é um erro coletivo e histórico –, é preciso cobrar uma mudança brusca nas prioridades. Diante das dezenas de mortos, é preciso olhar ao passado para melhor compreender o presente. E só assim vamos construir um futuro melhor.

Tiro curto

• Douglas Sulzbach é mais uma baixa no governo de Elmar Schneider. O agora ex-secretário de Agricultura de Estrela deixa o poder público para se dedicar ao setor privado. E quem assume a função pública de forma interina é o servidor Armin Oscar Kich.
• A próxima baixa deve ser a Secretária de Desenvolvimento e Sustentabilidade, Carine Schwingel (União Brasil). Ela garantiu que vai pedir exoneração na próxima semana.
• Ainda em Estrela, já passa de 80 o número de pedidos para o aluguel social. Todos estão em avaliação pelo setor de engenharia da prefeitura.
• As denúncias sobre irregularidades no repasse das doações chegam de diversas partes do Vale do Taquari. Tem muita fofoca, é bem verdade. Mas o olho grande tem atrapalhado alguns grupos de voluntários, sim. Portanto, é preciso fiscalizar, investigar e punir os “ligeirinhos”.
• Secretário Estadual de Turismo, Luiz Fernando Rodriguez Júnior visitou a região nesta quinta-feira. Ele sabe, assim como os líderes regionais, que a nossa reestruturação vai passar pela manutenção dos produtos turísticos já existentes e o incremento de novas atrações. Portanto, é preciso reforçar: as decisões de retomar o Trem dos Vales e reabrir o Cristo protetor foram acertadas.

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