Na falta de um sentido, outros se tornam mais aguçados. Olhos, ouvido, boca e nariz. Mas uns são mais presunçosos e não dão espaço para os outros. De todos eles, a fala me parece a mais sagaz. Enquanto os ouvidos são os que recebem menos espaço no nosso dia a dia.
Hoje, a fala é também por meio de posts nas redes sociais e mensagens no celular. E, cada vez mais, ela sai sem pensar. A fala, por mais importante que seja, é o sentido que tem mais potencial para ferir. Em especial, quando não utilizada com sabedoria.
Por outro lado, ela também é alento, desabafo, um ato de carinho. Ela é capaz de transformar um sentimento, e aliviar um pouco o peso carregado por alguém. Ainda que potente, quase sempre só ela não passa toda credibilidade. É preciso, também, ação.
Seja como for, as nossas maneiras de falar dizem muito, por mais redundante que possa ser. E, dependendo de como a usamos, podemos fazer mais mal do que bem.
Enquanto isso, a escuta se torna cada vez menos valorizada. E cada vez mais necessária. A escuta que escuta o desabafo traz conforto para as palavras. A escuta que recebe um elogio, internaliza coisas positivas.
Talvez já tenha sido diferente, mas hoje, não há mais um equilíbrio. E a escuta, por não ser mais natural, precisa ser trabalhada. Na verdade é bastante simples. Basta tomarmos consciência dos nossos sentidos a cada momento. E, em uma conversa, transformar os monólogos em diálogos.
Escutar e querer ser ouvido, tudo na medida certa. Parece a receita. Em especial, em dias como estes. Mas para a vida toda também. Melhor que isso, é só servir a receita com café!
Boa leitura!