Lambendo as feridas

Opinião

Ardêmio Heineck

Ardêmio Heineck

Empresário e consultor

Assuntos e temas do cotidiano

Lambendo as feridas

Passados semana e pouco da catástrofe que se abateu sobre o Vale do Taquari, com a cheia dos rios em volume nunca visto, sabemos, agora, sua dimensão, consequências e os nomes das vítimas fatais. Ouvimos histórias chocantes, atos de bravura e de superação. Choramos com quem viu suas casas, bens e objetos de uma vida toda destruídos e presenciamos cidades inteiras devastadas pelas águas em fúria. Sentimos a desesperança de quem se deparou com sua própria impotência, sem mesmo saber por onde recomeçar.

Mas vimos que existe solidariedade e apoio do próximo, e que nossas forças interiores e nossa capacidade de superação são enormes. Maiores do que imaginávamos. Nossa espiritualidade, em muitos redescoberta, faz brotar uma energia e esperança insuperáveis, alicerçados na crença e na interlocução com o ser superior em que acreditamos.

Vimos o valor da nossa imprensa regional que, com a superação e o sacrifício físico e emocional dos seus colaboradores alertou, informou e orientou a população como nunca.

Estamos sendo amparados pelos Governos Federal, Estadual e Municipais, ao adotarem medidas que amenizaram as consequências do acontecido e que agora, subsidiados pelas entidades classistas e representativas da região, acenam com a concretude de apoio material e financeiro, para o reerguimento de empreendimentos e de vidas.

Contudo, temos avaliações a serem feitas e atitudes a tomar, que não podem esmorecer à medida em que o tempo passa.

As catástrofes climáticas são inevitáveis, porém há tecnologia para prevê-las e para traçar seu percurso e evolução. Esta não é a primeira enchente dos rios e nem será a última. Inexplicável não termos, ainda, instalados equipamentos que nos digam a medida da subida do seu nível e a velocidade do fluxo das águas.

Muito sofrimento emocional, perdas de vidas e de bens seriam evitados. Isto porque, é expressivo o lapso de tempo transcorrido entre a subida da água nas partes altas da região e o seu efeito no percurso em direção à foz dos Rios Taquari e Forqueta.

Também inconcebível municípios e região não contarem com planos de contingenciamento e comitês de gestão de crise, aliados a mecanismos de alerta e de remoção das pessoas com agilidade. Neste contexto, junte-se a administração das estiagens severas que também, periodicamente, nos assolam.

Inarredável que, à medida em que lambemos nossas feridas e os vitimados se reerguem, este debate não seja esquecido. Constitui-se em dever de cada um de nós não permitir que isto aconteça. É um tributo mínimo que podemos dar a todo o pranto, a toda dor e a todo sofrimento originados nesta catástrofe mais recente.

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