A cooperativa Languiru, de Teutônia, volta a produzir frangos da marca após quase um mês de trabalhos suspensos. A operação recomeçou nesta semana, com abate diário de 50 mil aves. Conforme a direção, 500 trabalhadores atuam em um turno após férias coletivas acertada com o sindicato da classe.
Toda a produção será vendida com a marca da cooperativa. Também foi reorganizado a logística para busca dos animais nas propriedades dos associados. Enquanto isso, a Languiru também mantém encaminhamentos na liquidação extrajudicial.
Informações extraoficiais dão conta de que a dívida da cooperativa alcança R$ 2 bilhões. No primeiro trimestre deste ano, a direção foi destituída e novos dirigentes foram aclamados. Pelo plano de recuperação, está prevista a negociação para venda da planta do frigorífico de suínos em Poço das Antas.
Em uma Assembleia Geral realizada em julho deste ano, os associados da cooperativa aprovaram a liquidação extrajudicial, e o presidente atual, Paulo Roberto Birck, foi nomeado como liquidante para conduzir o processo.
Além disso, foi aprovada a contratação de uma auditoria para examinar a conduta da gestão anterior. Com cerca de 2 mil associados em 188 municípios, a cooperativa faturou R$ 2,76 bilhões em 2022. Porém, encerrou o ano com um prejuízo de R$ 123 milhões.
Assembleia debate crise
A comissão de Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo da Assembleia Legislativa promoveu no fim de agosto uma audiência pública para discutir a situação da Languiru, bem como as implicações socioeconômicas.
O evento durante a Expointer foi uma iniciativa do deputado Rodrigo Lorenzoni (PL), vice-presidente do Colegiado. Na ocasião, o atual presidente, Paulo Roberto Birck, afirmou que os principais desafios enfrentados pela cooperativa vão desde o impacto social da crise, passando pelo aumento dos custos de insumos, da logística e de operação.
A crise na Cooperativa Languiru tem causado atrasos nos pagamentos a prestadores de serviços, instituições financeiras e transportadores, afetando diretamente cerca de 50 mil pessoas, cujos meios de subsistência estão ligados à cooperativa, seja de forma direta ou indireta.
“Temos de salvar o produtor”
Vice-presidente até janeiro de 2018, Renato Kreimeier, fez um testemunho durante a audiência pública. Na fala dele, afirma que pediu renúncia após o conselho fiscal ser dissolvido por ordem da antiga diretoria.
“Fiquei 17 anos como vice-presidente. Não aguentei as sacanagens, as malandragens que aconteceram. O conselho fiscal era muito atuante. Pessoas capazes. Houve uma manipulação para expulsar os conselheiros.”