Compre o que é nosso!

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Compre o que é nosso!

A pandemia nos desafiou ao extremo. Com o fechamento de comércios e indústrias, as empresas sangraram e muitos empreendedores e funcionários sucumbiram à grave crise sanitária, social e econômica. Na região, o Grupo A Hora idealizou uma histórica campanha, provocando os consumidores locais a prestigiarem ainda mais os produtos genuinamente locais. “Compre o que é nosso” foi o slogan prontamente adotado pela comunidade regional. Desta vez, e diante da maior tragédia natural da história do Rio Grande do Sul, é momento de reforçar e retomar esse movimento coletivo. É hora de mostrar a força do associativismo regional e ser ainda mais solidário com os nossos empreendimentos que mais sofreram perdas. É hora de valorizar ainda mais os nossos produtos e serviços. É hora de união. Não há outra forma de reerguer o nosso Vale do Taquari.

A crítica e a tragédia

Foto: Aldo Lopes

Toda e qualquer crítica ao sistema de monitoramento e aos planos de contingência ganha um peso muito maior neste momento de tragédia. Logo, é preciso muita cautela por parte de quem tem a caneta ou o microfone na mão. O ideal, neste momento, é não pessoalizar. Porém, se por um lado é necessário ter empatia com os agentes envolvidos, e respeitar o luto social, o compromisso jornalístico nos orienta a buscar respostas de forma incessante. Mais do que isso. A lida “reporteira” nos exige comprometimento total com quem perdeu tudo e não
enxerga uma esperança no fi m do túnel, e nos obriga a provocar novos caminhos e saídas para um futuro mais seguro e sustentável. Ou seja, é imprescindível que os colegas jornalistas se debrucem cada vez mais sobre os nossos erros coletivos e históricos. Sem nomear os eventuais culpados, é claro. Isso é tarefa para outros poderes. Mas não podemos aceitar as mortes. E o momento de evitar uma próxima tragédia é agora.

Fundos, desastres e a “intercrise”

Deputado estadual com base em Venâncio Aires, Airton Artus (PDT) defende a criação de um Fundo de Auxílio para pessoas físicas e jurídicas atingidas por desastres naturais. A proposição foi apresentada aos representantes das associações industriais e comerciais de Muçum, Roca Sales, Encantado, Arroio do Meio, Lajeado, Estrela e Cruzeiro do Sul, durante encontro com secretários estaduais, em Porto Alegre. E o parlamentar fez uma importante provocação. “Há mais de dez anos eu defendo essa ideia. Mas em um período de intercrise não se valoriza”, revela. É isso. O momento de debater e executar ações é agora. Se deixar para depois…

O importante apoio dos artistas

Não foram poucos os artistas engajados em campanhas de arrecadação de recursos e donativos para o Vale do Taquari. Em todo o território nacional, foram diversos os cantores e cantoras, atores e atrizes, e outros tantos personagens da nossa cultura que utilizaram as redes sociais para angariar apoio à nossa região. Da mesma forma, há também muitos humoristas comprometidos com a nobre causa. É o caso do “Badin, o colono”. E, após arrecadar centenas de milhares de reais para as vítimas da enchente histórica do Rio Taquari, ele visitou a cidade de Santa Tereza e foi recepcionada pela prefeita, Gisele Caumo (PTB), e pela Irmã Maria. E a cena merece ser registrada!

Tiro Curto

– Só em Lajeado, mais de 130 estrangeiros foram realocados para ginásios esportivos durante a histórica enchente da semana passada. Eles contaram com apoio do poder público municipal e da Defensoria Pública do RS.

– Os voluntários e as voluntárias da Associação de Proteção dos Animais Arroiomeenses (Apaam) tiveram muitas dificuldades para salvar os cachorros abrigados pela ONG. A sede foi atingida pela cheia do Rio Taquari. E com certeza o Executivo municipal vai auxiliar na reconstrução.

– É preciso elogiar tanta gente que o risco de esquecer alguém é muito alto. Mas eu preciso fazer uma consideração especial ao agrupamento do Corpo de Bombeiros Voluntários Imigrante e Colinas (Imicol). Mais uma vez, o grupo se mostrou fundamental para a segurança regional.

– A nova ponte entre Lajeado e Arroio do Meio, e a ciclovia interligando Estrela, Colinas e Imigrante são alguns temas que, inevitavelmente, vão fi car para um segundo momento após a catástrofe que assolou o Vale do Taquari e mudou a agenda regional. Mas não podem sair do radar.

– Em Roca Sales, o poder público vai ter uma dificuldade a mais para convencer os moradores a deixarem as áreas de risco. Afinal, a própria prefeitura foi parcialmente inundada. Aliás, e cada qual com suas dimensões, a água também atingiu as sedes executivas de Muçum e Lajeado.

– Já em Forquetinha, o vereador Décio Picoli (PTB) admitiu ter recolhido alimento dispensado por um mercado de Lajeado atingido pela enchente. E o caso virou manchete nacional. Sobre isso, aliás, há outros casos políticos curiosos e que ainda virão à tona.

– O cenário na prefeitura de Encantado é surreal. Os gabinetes e corredores do centro administrativo foram tomados pelos órgãos públicos municipal e estadual. Muito além da presença do vice-governador, Gabriel Souza (MDB), os ambientes do Executivo foram transformados em um quartel-general para reunir forças necessárias à reconstrução. Por lá, a esperança pulsa. É de se emocionar!

– No apagar das luzes dessa terça-feira, o presidente Lula anunciou empréstimo de R$ 1 bilhão do BNDES para os municípios gaúchos atingidos pelo ciclone extratropical. Uma notícia muito importante. Mas ainda é pouco.

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