De acordo com a prefeitura de Estrela, 65% do município foi afetado pela inundação ocorrida desde segunda-feira, 4, no Vale do Taquari. As doações de mantimentos e roupas estão sendo feitas em postos montados nos bairros mais atingidos, como Moinhos e Indústrias. Além disso, o Centro Comunitário Cristo Rei recebe e organiza donativos para serem levados para os bairros.
A avaliação é de que serão necessárias de duas a três semanas para a limpeza total nos locais afetados. Segundo o secretário de Infraestrutura Urbana, Osmar Müller, o principal trabalho agora é o do recolhimento da parte mais pesada do lixo, tais como os móveis destruídos nas casas e depositados nas vias públicas, bem como a limpeza das ruas.
No bairro das Indústrias, a maioria das pessoas afetadas têm relatos parecidos. Pertences perdidos, casas danificadas e o desespero diante da rápida subida das águas no local.
Moradias afetadas
Pedro Elias Rodrigues, 71 anos, mora em uma casa de madeira no bairro das Indústrias há quatro anos e precisou ser socorrido de barco. Além de perder quase todos os móveis da casa, dois muros em volta da casa cederam, e ele perdeu toda a sua criação de galinhas, além de uma cachorra de 14 anos de idade.
Pelas previsões iniciais, Pedro imaginava que no máximo a água chegaria ao começo das paredes da residência, mas foi tudo coberto pela cheia do Rio Taquari. “Aqui é alugado. O dono da casa vai nos trazer madeiras para reformar. Felizmente conseguimos sair antes”, aponta. Ele afirma que o pior problema para muitas pessoas será o de ter onde morar.
Danos materiais e psicológicos
Neorides da Silva, 51 anos, mora há mais de 30 no bairro das Indústrias. Ela já passou por três grandes enchentes, mas diz que nenhuma teve essa proporção. Quando voltaram na quarta-feira, viram um cenário de guerra. “Ninguém em suas casas, tudo devastado. Quem já tinha voltado colocou todos os seus móveis na rua. Cena de filme de terror”, descreve.
Além dos danos materiais, a moradora fala que o psicológico de todos está abalado. “Todo mundo se abraçou e chorou, porque a gente convive há muitos anos. Todos aqui trabalham e correm atrás. Estamos todos abalados”, lamenta Neorides.
Apesar de perderem tudo, ela e o marido tentam ver tudo pelo lado positivo. “Tem famílias que sumiram. Outras perderam entes queridos. Felizmente nada disso aconteceu com a gente, mas é tudo muito complicado”, aponta.
A casa de Neorides ficou totalmente submersa. Está inteira, mas precisa de reparos. Mesmo colocando móveis e pertences em cima da residência ou na casa de vizinhos, tudo foi levado levado pela maior catástrofe natural da história do Rio Grande do Sul. “Foi um trabalho inútil. Fizemos tudo que foi possível de paliativo, mas não imaginávamos o que iria acontecer. Corremos atrás, mas ainda assim fomos prejudicados”, resume.