Um bairro sustentável, autônomo, mas que está carente de maior atenção do Poder Público, ainda que algumas ações estejam em andamento. Essa foi a tônica do debate sobre o Montanha, uma das localidades mais antigas da cidade e símbolo do crescimento em direção a oeste, numa época onde a urbanização ficava mais restrita aos arredores do Centro.
O debate na Rádio A Hora é um dos braços do projeto “Lajeado – Um novo olhar sobre os bairros” e busca abordar, sob diferentes olhares e pontos de vista, os desafios, os problemas e os aspectos positivos de cada localidade. Em três blocos, passado, presente e futuro do Montanha dominaram as discussões.
Participaram do debate a líder comunitária e representante da Associação de Moradores do Bairro Montanha, Silvane Kohlrausch, o empresário Jairo Vallér, proprietário de um hotel na localidade, e a secretária municipal de Planejamento, Urbanismo e Mobilidade, Cátia Berteli, que também é arquiteta e urbanista.
Entre os convidados, a convergência se deu justamente sobre as qualidades do bairro. Além de preservar características residenciais e contar com empresas tradicionais, também se volta ao empreendedorismo, com o surgimento de novos negócios.
“O Montanha se consolidou hoje como um bairro bem organizado e com uma boa procura das pessoas por moradias. Tem uma posição de destaque na cidade atualmente. E oferece toda infraestrutura necessária para os moradores”, comenta Silvane.
Nós viemos há muito tempo solicitando o alargamento da Benjamin Constant. A hora que for feita essa obra, será um bairro novo para nós, em todos os sentidos”
Silvane Kohlrausch, representante da Associação de Moradores
Problemas logísticos
Se os pontos positivos envolvem, sobretudo, a presença de comércio e serviços variados no bairro, chegar até esses locais pode ser uma grande dor de cabeça aos moradores. A mobilidade e a logística são problemas antigos e que carecem de uma solução.
“Nós viemos há muito tempo solicitando o alargamento da Benjamin Constant. A hora que for feita essa obra, será um bairro novo para nós, em todos os sentidos. Hoje, essas cinco ruas que ficam entre a Irmando Weissheimer e a Osvaldo Mathias Ely ficam totalmente largadas”, frisa Silvane.
Os transtornos são conhecidos dos empreendedores. Vallér lembra que as obras de duplicação da BR-386 também impactam diretamente no fluxo, tornando-o pesado e, em muitos casos, perigoso. “Com a rodovia duplicada, teremos novos acessos para o Montanha, então mais automóveis vão circular. O trânsito que hoje já é saturado tende a ficar ainda mais complicado”, frisa.
Cátia argumenta que as três rótulas a serem construídas no perímetro do Montanha tendem a melhorar a fluidez. “Muita coisa não foi pensada no passado e agora temos que correr atrás do prejuízo. E o alargamento está sendo avaliado. Há terrenos que são da prefeitura ao longo da Benjamin e que permitem essa obra”, afirma.
Turismo
Vallér se refere ao Montanha como o “patinho feio” da cidade em determinados temas. A região onde seu empreendimento encontra-se situado, por exemplo, têm sofrido com alagamentos em dias de chuva intensa.
“Está acontecendo um movimento interessante aqui por conta do turismo. Estamos aos olhos de pessoas de todo o Rio Grande do Sul. Mas as pessoas vão começar a vir aqui, ficarão no hotel e o que nós vemos? As coisas um pouco largadas. Pedimos faixa de segurança na esquina do hotel e demorou para sair”.
Para o empreendedor, é preciso um cuidado maior também com a infraestrutura do bairro, visto que existem muitas calçadas em más condições e também terrenos abandonados e acúmulo de lixo. “Fica uma imagem ruim para as pessoas que vem visitar nossa cidade”.
Com a rodovia duplicada, teremos novos acessos para o Montanha, então mais automóveis vão circular. O trânsito que hoje já é saturado tende a ficar ainda mais complicado”
Jairo Vallér, empreendedor
Maior autonomia
Cátia avalia que os investimentos são necessários para tornar o Montanha um bairro cada vez mais autônomo. Cita que algumas melhorias já são feitas e mais obras devem sair do papel nos próximos meses.
“O investimento já está acontecendo. Têm sido feitas melhorias muito grandes no bairro. O campo foi reformado e recebeu novos postes e telas. Fizeram melhorias na sede da associação de moradores e botaram pracinhas nesse espaço. Acredito que tudo isso traz mais autonomia, pois hoje o bairro tem sérios problemas de mobilidade”, destaca.
Silvane chama atenção para que as ações não sejam paliativas, visto que o crescimento do bairro deve seguir pelos próximos anos. “Deve ser pensado algo para o futuro. Se olhar para frente, vê loteamentos maravilhosos, condomínios sendo feitos em bairros vizinhos. Nossa circulação é grande não só em função da 386, mas também de novos moradores nesses bairros”.
Muita coisa não foi pensada no passado e agora temos que correr atrás do prejuízo. E o alargamento está sendo avaliado”
Cátia Berteli, secretária de Planejamento
Potencial
Na avaliação de Jairo Vallér, o Montanha é um bairro propício para o empreendedorismo e o surgimento de novos negócios. Sustenta que a duplicação da BR abre novas possibilidades neste sentido. “Tem muita gente chegando, pois é um bairro com potencial enorme. Como empreendedores, eu e o Jair (irmão) acreditamos muito. E temos uma visão um pouco além disso”.