Cem anos de Millôr, sem Millôr

Opinião

Marcos Frank

Marcos Frank

Médico neurocirurgião

Colunista

Cem anos de Millôr, sem Millôr

Segundo o dicionário, aforismo é um “Texto curto e sucinto, fundamento de um estilo fragmentário e assistemático na escrita filosófica. Relacionado a uma reflexão de natureza prática ou moral.”

Os aforismos caracterizam-se, sobretudo, pela brevidade e precisão. São concisos e taxativos e aproximam-se dos provérbios populares, pois contêm máximas capazes de traduzir amplos e complexos conceitos por meio de pequenas sentenças.

O bom aforista é capaz de traduzir em palavras uma realidade comum. São pessoas perspicazes, cuja habilidade linguística permite sintetizar e representar por meio de sentenças aquilo que muitos desejam escrever. Vejam o exemplo disso na obra de Oscar Wilde: “Todos estamos deitados na sarjeta, só que alguns estão olhando para as estrelas”, é um célebre aforismo de Oscar Wilde.

Milton Viola Fernandes era o nome original do famoso aforista cujo centenário do nascimento transcorreu na última semana. Graças a um erro do tabelião, Milton virou virou Millôr, e através de suas frases, conseguimos captar melhor o espírito brasileiro.

Nossa entrevista portanto, é com o espírito desse gênio brasileiro.

Millôr, como é ser um gênio?

“Ser gênio não é difícil. Difícil é encontrar quem reconheça isso”.

E como foi morrer?

“O cadáver é que é o produto final. Nós somos apenas a matéria-prima” (…)”. “A gente só morre uma vez. Mas é para sempre” (…)”. O pior não é morrer. É não poder espantar as moscas”.

Mas tem o lado bom: “A ocasião em que a inteligência do homem mais cresce, sua bondade alcança limites insuspeitados e seu caráter uma pureza inimaginável é nas primeiras 24 horas depois da sua morte”.
O que você pensa da natureza humana?

“ O homem é um macaco que não deu certo”. (…). “Dizem que quando o Criador criou o homem, os animais todos em volta não caíram na gargalhada apenas por uma questão de respeito”.

E o nosso Brasil, tem salvação?

“O desespero eu aguento. O que me apavora é essa esperança”. Mas enfim,

“Viva o Brasil, onde o ano inteiro é primeiro de abril!”

Você lutou muito contra a ditadura, o que acha de militares no governo?

“Quando os militares falam que não vão se meter em política, já estão se metendo”.

Pena que nosso espaço é curto Millôr, você gostaria de fazer alguma pergunta para alguém?

“Pergunta pro presidente Lula: em que exato momento histórico nossa ignorância passou a ser virtude cívica?”.

De toda forma, “Lula é divertido, vamos dizer assim. Logo que ele começou, eu disse um
negócio e não tenho razão de retirar: ‘A ignorância lhe subiu à cabeça’. Ele está pensando que sabe tudo e não sabe nada”.
E para finalizar?

“Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem.”

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