Dr. Nédio, uma referência à frente da Clínica de Oftalmologia Castoldi

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Dr. Nédio, uma referência à frente da Clínica de Oftalmologia Castoldi

Há 33 anos, médico encantadense retornou à terra natal para ser pioneiro no transplante de córneas

Dr. Nédio, uma referência à frente da Clínica de Oftalmologia Castoldi
Com 65 anos, Dr. Nédio mantém a rotina de atendimentos na clínica das 7h às 16h (Foto: Diogo Fedrizzi)
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Quando o menino Nédio Castoldi era questionado sobre o porquê queria ser médico, ele não tinha ideia do que responder. “Hoje eu sei: era por uma profunda sede de saber os segredos da vida e uma solidariedade ao sofrimento”, explica o diretor da Clínica Castoldi Oftalmologia, empresa com 33 anos de atividades em Encantado.

Nédio, 65, nasceu na antiga Linha Santa Clara (hoje bairro). No local ainda residem o pai de 90 e a mãe de 93 anos. Ele tem uma irmã, fisioterapeuta. A família vivia da agricultura e, antes de ser aprovado no vestibular de Medicina da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em 1975, frequentou a escola da comunidade, depois foi aluno do Farrapos e concluiu o ensino médio no Castelo Branco, em Lajeado. O primeiro emprego foi aos 14 anos, como revisor de textos no Jornal Opinião, função na época conhecida como copydesk.

Da rotina na faculdade, Nédio não esquece o sacrifício que era a viagem até Santa Maria. Uma das alternativas era o trem que saía de Porto Alegre. “Era mais viável do que pegar um ônibus em Lajeado, que demorava 12 horas por estrada de chão. O trem partia à meia-noite e chegava às seis da manhã, além da passagem ser mais barata”, conta.

O encantadense formou-se cirurgião geral e chegou a atuar como plantonista em hospitais de São Leopoldo e Porto Alegre, enquanto fazia a especialização em oftalmologia no Banco de Olhos, na capital. Quando concluiu a qualificação, foi convidado a fundar o Departamento de Neuroftalmologia e Eletrofisiologia Visual no Banco de Olhos e, posteriormente, coordenar o laboratório que investiga doenças neurais relacionadas à visão no Mãe de Deus, função que exerce até os dias atuais.

Tão logo iniciou sua trajetória profissional em Encantado, em 1990, Nédio trouxe para a região a cirurgia de transplante de córneas, procedimento que só era comum nas grandes cidades. “Foi um desafio enorme, mas queria provar que era possível fazer. Nos estruturamos e treinamos a equipe. Fizemos oito transplantes em um ano. Nenhum rejeitou”, lembra. O impacto dessa iniciativa foi tão expressivo que inspirou o então secretário estadual de Saúde, Germano Bonow, a implantar a descentralização de especialidades via SUS. Nesse contexto, Encantado recebeu o Centro Regional de Oftalmologia, coordenado por Nédio até 2010.

Os transplantes de córneas possibilitaram experiências inesquecíveis. Uma delas envolveu uma senhora de 70 anos, que estava cega há 50. “Quando retirei o curativo, ela olhou para a mão e disse: ‘como estou velha!’. Depois olhou para as filhas e não as reconheceu, só pela voz. Uma cena antológica”, destaca. Ainda teve o paciente que chegou ao consultório manifestando o desejo de voltar a enxergar, pois sonhava em ser padre. “Este senhor é padre hoje. É uma história especial”, acrescenta Nédio, que mantém em sua rotina a vitalidade para seguir aprimorando os conhecimentos e habilidades. “A vida foi muito dadivosa comigo. Tive resgates maravilhosos. Pude cuidar da saúde visual da minha parteira, operei professores que me ensinaram no colégio, escrevi livros reconhecidos pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia, enfim, sou muito grato por tudo que conquistei”, diz.

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