A necessidade do esporte considerar seu contexto: O caso do futebol feminino

Opinião

Rodrigo Rother

Rodrigo Rother

Professor na UNIVATES e no CEAT - @rodrigorother

Colunista Esportivo

A necessidade do esporte considerar seu contexto: O caso do futebol feminino

A Copa do Mundo de Futebol Feminino terminou para o Brasil em uma eliminação para a Jamaica, país sem grande expressão e investimentos, o que ocasionou uma série de discussões sobre muitos aspectos: qualidade técnica, preparação da equipe, estrutura do futebol feminino no Brasil, investimento, formação de atletas e renovação da equipe, entre outros.

Na minha opinião, a discussão também deveria seguir em outra direção. Não somente a falta de investimento no esporte feminino como um todo (que é evidente, porque nenhuma mulher recebe salários igualitários aos homens atletas da mesma modalidade esportiva que a sua – salvo algumas exceções que cabem em uma mão), mas também nas soluções para aumento da atratividade, dinâmica e preservação da saúde da mulher atleta.

Tentarei me fazer entender a partir da apresentação de um artigo científico publicado por Perdensen e colaboradores (2019), que compararam níveis de exigência entre o futebol masculino e feminino considerando o tempo de jogo, tamanho do campo, peso da bola, tamanho das traves e as características antropométricas e fisiológicas dos atletas. Neste estudo, os autores concluíram que, para as mulheres, jogar futebol nas regras atuais seria como homens jogando num campo de 118m x 76m (oficial é 105m x 68m), com traves de 2,64m atura x 7,93m largura (oficial é 2,44m x 7,32m), com uma bola muito semelhante a usada no basquete e com tempo da partida durando 112 min. O estudo termina sugerindo que o futebol feminino deveria ter um campo de jogo de 93m x 61m, traves de 2,26m x 6,78m, uma bola menor e duração da partida de 70min.

Já encontramos exemplos em outras modalidades, como no Tênis em que a quantidade de sets praticados no feminino é menor que no masculino; no Vôlei a rede é mais baixa; no Atletismo os implementos usados nos lançamentos e arremessos tem pesos e tamanhos distintos, além das distâncias e tamanhos das corridas com barreiras. Se pensarmos mais um pouco em outros exemplos, poderemos encontrar vários.

No futebol feminino seria possível uma adaptação nesse sentido? Modificações facilitariam ou dificultariam a prática? Resolveria o problema? O futebol feminino seria mais dinâmico e atrativo? A saúde da atleta mulher seria preservada e daria mais longevidade à sua carreira? Ainda não tenho respostas para estas perguntas.

Meu propósito aqui é promover reflexão e fomentar possíveis respostas que contribuam para uma melhora no cenário esportivo feminino. Afinal, todos torcemos por elas nessa Copa e merecem nossa atenção e reconhecimento.

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