Braz Charléu guarda o presente de um papa e a sepultura de um padre classificado como santo pelos moradores locais. Chama atenção como uma comunidade interiorana de Muçum possa ter tantas raridades.
Tudo começou com a chegada do padre italiano Luís Segale ao local nas primeiras décadas do século XX. Sob sua direção, foi construída a Capela Santo Antônio (sem contar a torre que foi edificada na época do padre Lucchino Viero).
A estrutura feita de pedra está coberta de pinturas assinadas pelo artista italiano Antônio Cremonese, em 1925. Mesmo com quase 100 anos, essas artes permanecem conservadas.
O maior tesouro no interior da igreja é uma tela pintada a óleo tendo como centro a gravura do Papa Pio X, ladeada por figuras de anjos. Uma carta manuscrita e o quadro com lenço pessoal do papa completam o presente que foi entregue para Segale um século atrás.
O padre faleceu em 13 de fevereiro de 1936 sem conseguir realizar alguns desejos como transformar a igreja de Braz Charléu em paróquia.
O corpo está sepultado em uma pequena capela de pedra com imagem de Santa Gema Galgani e estátua de Nossa Senhora da Grapa. Contam que o desejo de Segale era estar aos pés e na sombra das santas de devoção.
Para os moradores locais, Segale é um santo, embora nunca tenha sido canonizado. Até hoje, lembram seus feitos e recorrem ao falecido padre em momentos de dificuldade, principalmente, nos dias de temporais.
Dizem que é devido à proteção de Segale que a comunidade nunca foi atingida com força extrema pelas intempéries climáticas.