Identidade cooperativista: não podemos esquecer quem somos

Opinião

Carlos Cyrne

Carlos Cyrne

Professor da Univates

Assuntos e temas do cotidiano

Identidade cooperativista: não podemos esquecer quem somos

No nosso último texto questionávamos a necessidade de equilibrar inovação e tradição e trazíamos para a discussão o momento difícil que as cooperativas estão enfrentando. Sabemos que as cooperativas desempenham um papel vital na economia global, contribuindo para a inclusão social, a geração de empregos e o
fortalecimento das comunidades.

Sua essência está ancorada nos princípios, que enfatizam a cooperação, a autogestão, a equidade e o bem-estar coletivo. No entanto, ao longo do tempo, algumas cooperativas têm enfrentado desafi os em manter sua identidade original, correndo o risco de se converterem em empresas capitalistas, o que pode comprometer sua sustentabilidade e propósito social. A identidade cooperativista atua como um diferencial para essas organizações, proporcionando uma estrutura de governança baseada na participação ativa e democrática de seus membros.

A cooperação, em vez da competição, permite a busca conjunta de objetivos comuns e o compartilhamento dos resultados, estimulando a solidariedade e a responsabilidade mútua. As cooperativas, ao preservarem sua identidade, promovem práticas socioeconômicas e ambientais mais sustentáveis. A busca pelo bem-estar
coletivo leva a decisões conscientes e equilibradas, privilegiando o desenvolvimento de longo prazo em detrimento de ganhos imediatos. Isso é essencial para garantir a preservação dos recursos naturais e a resiliência
econômica, beneficiando a comunidade em que estão inseridas.

Ao manterem sua identidade cooperativista, elas têm maior probabilidade de distribuir justamente os benefícios de suas atividades entre todos os membros, reduzindo as desigualdades e contribuindo para a redução da pobreza e exclusão social. A identidade cooperativista reforça o senso de pertencimento dos membros, incentivando o envolvimento ativo nas decisões e ações da cooperativa. Essa participação ativa aumenta a eficiência operacional, melhora a comunicação interna e fortalece a coesão do grupo, resultando em um
empreendimento mais resiliente e adaptável às mudanças do ambiente econômico.

Quando uma cooperativa perde sua identidade cooperativista e se deixa influenciar pelas lógicas do mercado capitalista, pode ocorrer um afastamento dos princípios originais que a nortearam. Isso pode resultar em um modelo de gestão hierárquico, focado apenas no lucro individual, levando a conflitos internos e negligenciando o bem-estar coletivo. Preservar a identidade cooperativista é fundamental para garantir que as cooperativas continuem desempenhando um papel significativo na construção de uma sociedade mais justa e sustentável.

A atenção à identidade cooperativista é essencial para garantir que as cooperativas permaneçam verdadeiras a seus propósitos originais, proporcionando benefícios a seus membros e à comunidade em geral.

 

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