“Nada supera a persistência”. É com essa convicção que o muçunense Anderson Capitanio, 35, escreve a história da Gelo São José, empresa localizada no bairro São José, em Encantado, e que produz toneladas de gelo em tubo por dia. O processo é todo automatizado e, nos meses de verão, funciona 24 horas sem parar. São cinco colaboradores e distribuição própria em 22 municípios. Também terceiriza a produção para outras marcas. “Não entregamos apenas gelo, entregamos saúde”, explica, ao se referir aos processos de qualidade seguidos à risca na indústria, que neste ano completa 11 anos de operação.
Na infância, Anderson conviveu com dificuldades devido à grave doença da mãe. O pai era proprietário de uma lancheria e precisou se desfazer do negócio para custear as despesas com o tratamento. “Naquela época, as consultas médicas e os exames eram quase todos particulares. Só ficamos com a casa, o carro e a geladeira. O resto vendemos. Graças a Deus, hoje estão todos bem”, lembra o empresário, que tem um irmão mais novo.
Com 12 anos, Anderson já se sentia motivado a trabalhar. A família havia se mudado para Encantado e ele ajudava o tio caminhoneiro a entregar leite em estabelecimentos comerciais. Depois, acompanhou o pai na comercialização de sorvete. O primeiro emprego com carteira assinada e salário de R$ 260,00 foi numa fábrica de calçados em Muçum. Após, ingressou na Têxtil Ipê, de Encantado, onde permaneceu por cerca de sete anos. Ali despertou a vontade de ter o próprio negócio.
Nas horas de folga, Anderson comprava tecido e fibra e mandava costurar edredons personalizados, com estampas escolhidas pelos clientes. Os planos mudaram depois que descobriu o mercado da industrialização de gelo. “Eu tinha 23 anos. Não tinha experiência, nem dinheiro, nem lugar para colocar a fábrica. Mas tinha vontade”, salienta. Com ajuda de dois amigos, que depois se tornaram sócios, construiu um espaço de 30 metros quadrados para abrigar a empresa no bairro Parque Perolim. Uma pequena máquina para fazer gelo e um freezer com capacidade para 30 pacotes foram os primeiros equipamentos adquiridos.
Em 2012, comprou a fábrica de gelo do principal concorrente e saiu da Têxtil Ipê. Ao mesmo tempo, transferiu a estrutura do Perolim para o berçário industrial, próximo ao bairro Navegantes. “A dificuldade era grande. Durante dois anos, se empatava, era lucro”, conta o empresário, que até hoje guarda na memória o dia em que viajou a São Paulo, na carona do caminhão de frete, para comprar uma máquina maior e usada, oferecida por um desconhecido vendedor paulista, que proporcionaria aumentar a produção de 400 quilos/dia para 1 tonelada/dia. “Foi um negócio arriscado. Quando retornamos a Encantado e tentamos ligar o equipamento, não funcionou. Achei o contato da fabricante, que mandou um técnico para consertar. No fim, deu certo”.
Hoje, Anderson administra a empresa ao lado da companheira Josiane Bouvié e, desde 2016, está instalado no bairro São José. “Poderia ter desistido várias vezes, mas isso nunca passou pela minha cabeça”, garante.
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