É sempre desafiador fazer previsões para o cenário econômico do Brasil, e mais ainda em 2023. Mesmo passada a instabilidade inicial com a troca de governo, temas relativos à polarização política seguem surgindo. Mas, de prático, temos uma reforma tributária aprovada no Congresso e que, por alguns meses, ainda será lapidada no Senado, com muito lobby, certamente. A inflação persiste na economia dos mercados norte-americano e europeu, a guerra entre Ucrânia e Rússia passou dos 500 dias e ainda faltam informações qualificadas sobre o que ocorre de fato na economia da China. Por aqui, aos poucos, vai se vislumbrando o início da queda da taxa de juros administrada pelo Banco Central.
Para comprovar que 2023 já se apresenta melhor, um comparativo entre a previsão do cenário econômico do Brasil para este ano (feita em dezembro/22) e a revisão mais recente (de 25/07/23) traz os seguintes indicadores:
Então o que é possível prever para até o final de 2023?
Objetivamente, com o transcorrer do primeiro semestre, todos os indicadores melhoraram ao longo deste período. A inflação medida pelo IPCA diminuiu, apresentando ainda um viés de queda para o restante do ano.
O PIB foi o item que teve a maior variação positiva entre os indicadores analisados, saindo de uma estimativa inicial de +0,8% de crescimento para os atuais +2,24%. Para quem atua na importação de bens e serviços, a queda no câmbio de R$ 5,27 para R$ 4,97 ajuda, mas é o contrário para quem exporta. E, por último, a indicação de que terminaremos o ano de 2023 com uma Taxa Selic em 12% a.a., um pouco melhor do que os 12,25% a.a. previstos inicialmente. Na Selic também há um viés de baixa surgindo nas análises a partir da queda significativa da inflação durante o primeiro semestre deste ano.
Ainda há turbulências em razão do alto custo do dinheiro com a taxa Selic no patamar atual de 13,75% a.a., continua alta a inadimplência e há um cenário obscuro em termos de alíquotas de tributação que serão aplicadas com a formalização da reforma tributária.
Manter constante a observação das oportunidades que estão surgindo no cenário econômico de 2023 e que repercutirão em 2024 deve ser tarefa diária. A revisão das projeções é o que permite afirmar que o ano terminará bem melhor do que iniciou. E isso já é uma boa notícia!
“O mundo é repleto de coisas óbvias que ninguém, em hipótese alguma, observa.”
(Sherlock Holmes, personagem de ficção da literatura
britânica do final do século XIX, criado pelo médico
e escritor Sir Arthur Conan Doyle)