Futuro da área do Daer gera debates na câmara de Lajeado e em entidades

CADERNO DOS BAIRROS

Futuro da área do Daer gera debates na câmara de Lajeado e em entidades

Negociação desejada por município envolve a venda do imóvel em troca da construção de prédios públicos nas áreas de educação e saúde. Outras possibilidades não estão descartadas. Incorporação definitiva ocorrerá após mudança da autarquia para nova sede, no Campestre

Futuro da área do Daer gera debates na câmara de Lajeado e em entidades
Imóvel localizado em área nobre da cidade tem quase 80 anos e já chegou a abrigar cerca de 400 funcionários (Foto: Felipe Neitzke)
Lajeado

Perto de tomar posse em definitivo do imóvel do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), o governo de Lajeado projeta colocar a área – avaliada em R$ 15 milhões – à venda. Executar obras públicas estão entre os objetivos iniciais. Mas há dúvidas sobre o formato da negociação. E isso divide opiniões na cidade.

O futuro do terreno, onde funciona há quase oito décadas a autarquia estadual, foi alvo de debates na sessão dessa semana da câmara de vereadores. A discussão no plenário mostrou não haver um consenso nem mesmo entre os parlamentares da base governista sobre o que deve ser feito no local.

Enquanto Mozart Lopes, líder de governo, e Isidoro Fornari defendem um leilão público em troca de obras públicas, Alex Schmitt entende ser necessária a negociação – independente do formato – para amortização de dívidas do município por financiamentos contratados em gestões anteriores. No campo da oposição, Carlos Ranzi (MDB) sugeriu a construção de um posto de saúde no local.

A incorporação do imóvel ocorrerá após a mudança da 11ª Superintendência Regional do Daer para a nova sede, no bairro Campestre. A transferência de endereço foi acertada para a primeira semana de setembro. O prédio, que fica às margens da ERS-130, está em fase final de construção.

Autorização legislativa

Prefeita em exercício de Lajeado, Gláucia Schumacher lembra que o município vai precisar de autorização da câmara para avançar nas negociações referentes à área do Daer. Um projeto de lei será encaminhado ao Legislativo após a finalização do processo de mudança da superintendência regional para a nova sede.

“A primeira lei feita lá atrás só permitia a permuta dos imóveis. Hoje, não temos a autorização para a venda. Isso é uma construção, que precisa da autorização dos vereadores”, explica. Sobre a destinação da área, Gláucia comenta que o município possui planos encaminhados.

Uma das primeiras ações concretas, no entanto, será o alargamento da travessa Schmidt, que hoje conecta a João Abott com a avenida Benjamin Constant. “O primeiro ponto assim que tivermos a efetiva propriedade do imóvel será essa obra, pois ali é uma via com grande circulação de ônibus”.

Posteriormente, o objetivo é fazer a venda da área. “Em troca, não queremos o pagamento em valores, mas sim por meio de obras, como equipamentos públicos. Estamos fazendo estudos sobre esses projetos. Possivelmente seria uma creche no bairro Conservas, o posto de saúde do São Cristóvão e um terceiro equipamento. Mas é um estágio ainda embrionário”.

Possibilidades

A discussão sobre a área do Daer não envolveu entidades da cidade. Embora o Executivo já tenha uma destinação projetada, a reportagem buscou a opinião de representantes sobre possíveis ações e iniciativas ao local. Presidente do Sinduscom-VT, Jairo Valandro acredita ser necessário um estudo amplo para se chegar a uma conclusão.

“Acho que o assunto deveria ir para uma discussão pública. É um local, um ponto, uma área muito nobre. Merece uma grande obra. O que fazer ali para o custo de terreno retornar? Comercialmente, é um ótimo lugar. Tudo depende do caminho que a prefeitura vai seguir”, avalia.

Já Evelise Ribeiro, presidente da Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Vale do Taquari (Seavat) ressalta que deve ser pensado um projeto diferenciado. “Por ser um ponto estratégico, tem de ser algo que a cidade toda possa aproveitar. É um tema que precisa ser discutido e esmiuçado entre profissionais. Em resumo, penso que a área deve ser de uso público”, opina.

Espaço que sediará superintendência regional do Daer está quase pronto. Transferência ocorre em setembro (Foto:Ernesto Eichler/daer/divulgação)

Opinião parecida com a do presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Aquiles Mallmann. “Penso que a área deveria ser usada para o benefício da comunidade, pois é uma área nobre. Porque se for vendida, trocada ou permutada para o setor privado, logo vai ter ali um condomínio ou um prédio. Não vai ser valorizado na comunidade. Mas isso exige um debate maior”, cita.

Por outro lado, o presidente do Centro de Apoio aos Bairros (antiga Uambla), Rodrigo Henicka defende a destinação de parte da área para entidades da cidade. “Nós, do Centro de Apoio, não temos uma sede. O Clube das Mães também não. E assim são outros grupos. Seria uma forma de valorizar esse trabalho social. É um ponto muito interessante”, frisa.

Quase oito décadas

A área do Daer tem 6,6 mil metros quadrados e abriga, desde setembro de 1943, a sede da 11ª Superintendência Regional, à época chamado de “11ª Residência do Daer”. O complexo passou por reformulações na década de 1970, época em que atingiu o seu auge, com mais de 350 servidores na ativa.

Desde a década de 1980, no entanto, vive um processo de decadência, com queda acentuada no quadro de pessoal devido às aposentadorias e inexistência de concursos públicos para o órgão. Hoje, são apenas 28 servidores, que atendem a uma malha viária que passa dos 700 quilômetros.

 

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