Desde criança, Arlindo Cezar Pretto alimentava o sonho de ser piloto de carros de corrida. A inspiração era o pai Alcides e o tio Argemiro, dupla conhecida no automobilismo nas décadas de 40 e 50, quando os circuitos de carreteiras atraíam desportistas de várias cidades do Estado a Encantado para as provas que cruzavam as estradas de chão batido pelos vales Taquari e Rio Pardo. “Eles chegaram a correr as Mil Milhas em São Paulo. A gente escutava pelo rádio”, lembra Arlindo, que disputou campeonatos no autódromo de Tarumã, na década de 70. “A primeira vez que corri foi com um Chevette. Larguei em 12º e cheguei em sexto. Fazia dupla com meu primo. Tivemos uma única vitória, mas realizei meu sonho”.
A paixão por automóveis está no sangue da família Pretto desde quando o avô João, que era natural de Bento Gonçalves e já havia trabalhado com ferraria, casa de comércio, serraria e caminhão nas regiões de Travesseiro, Coqueiro Baixo e Soledade, resolveu abrir uma revenda de carros em Encantado no dia 12 de outubro de 1945. “Recém havia terminado a guerra, já existia uma loja da Ford em Encantado e ele decidiu trazer a Chevrolet”, conta Arlindo.
Era o início da trajetória da Pretto Veículos, uma das mais conceituadas concessionárias do país, agraciada 21 vezes com o prêmio Classe A, concedido pela Chevrolet pelo atendimento, pós-venda e bom relacionamento. Prestes a comemorar 78 anos de fundação, além da matriz na Terra do Cristo Protetor, conta com unidades em Soledade, Guaporé e Veranópolis, além de uma locadora em Lajeado. No total são 80 colaboradores e cerca de 200 veículos no estoque, entre novos e seminovos, que atendem a uma lista de clientes de várias cidades gaúchas e de outros Estados. Arlindo e o irmão Rogério são os atuais administradores.
Quando Arlindo reprovou no vestibular em Porto Alegre, logo após concluir o ensino médio, o avô comemorou o insucesso do neto mais velho. “Ele disse: ‘ainda bem que tu rodou, vem trabalhar na Chevrolet.’ Comecei a vender carros com 15 anos e estou nessa rotina até hoje. Só trabalhei na Pretto”, diz Arlindo, que nos anos 70 voltou a estudar e formou-se no curso de Ciências Contábeis em Lajeado. O primeiro carro que negociou foi um jipe, para um cliente de Relvado. A chegada do Opala, no fim dos anos 60, ampliou a clientela. O campeão de vendas era o Chevette, porque era mais barato, e o de melhor rendimento era o Ômega. “Houve uma época em que a Pretto tinha a mais qualificada linha de veículos do país: Monza, Vectra e Ômega”, salienta.
Aos 75 anos, o empresário confessa ser apaixonado pelo que faz e traz na essência os ensinamentos do avô e do pai, em que a confiança é o segredo para garantir o sucesso e a longevidade da empresa. “Se você for fazer um negócio com alguém tem que ser sincero, nem que perca o negócio”. Ter persistência para superar as adversidades também é fundamental. “Um dia me queixei com meu pai que tinha muito problema. Ele me respondeu: ‘teus problemas vão terminar quando tu morrer, vai tocando'”. E, por fim, não perder o foco. “O pai sempre dizia: ‘primeiro a Pretto, depois tu'”.
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