Dias atrás parte do que uma série da Netflix chamou de “O Mecanismo” se reuniu em Lisboa. Como se fosse algo normal juízes da Suprema Corte se reuniram com ministros, senadores, deputados, candidatos a vagas em tribunais superiores, banqueiros e outros homens de negócio. Inclusive um dos banqueiros que patrocinou parte dos eventos, André Esteves chegou a ser preso pela agora odiosa operação Lava Jato. Após 28 dias preso, o ministro Teori Zavascki, relator do caso Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, revogou sua prisão preventiva.
Mais tarde em 2018 por maioria de votos, o Supremo Tribunal Federal (STF) arquivou a investigação aberta contra o banqueiro André Esteves, sócio do banco BTG Pactual. “O embargante já pagou, muito embora no campo econômico e financeiro, todos os pecadilhos dessa vida” disse na época o então ministro Marco Aurélio Mello.
Ninguém sabe exatamente quando “O Mecanismo” começou, mas nas últimas semanas o deputado federal Dallagnol e o ex-presidente Bolsonaro sentiram sua fúria e sua capacidade de não perdoar além é claro, do seu cinismo e hipocrisia.
A série foi pródiga em frases que revelam um lado obscuro do Brasil e que segue operando. Separei algumas delas para reflexão:
“Não tem partido. Não tem ideologia. Não existe esquerda ou direita. Quem está no governo tem que botar a roda pra girar, é um padrão.”
“No Brasil, a definição de justiça no dicionário, não inclui as palavras equilíbrio e imparcialidade. Muito menos, ordem e progresso.”
“No Brasil, as pessoas pensam que ser policial é subir favela e trocar tiro com traficante. Isso não é ser policial, isso é ser policial burro.”
“No Brasil, disputa política é guerra de quadrilha.”
“Quem você acha que sustenta tudo isso?”
“O Brasil é uma máquina de moer gente.”
“O Brasil, definitivamente, não é pra amadores.”
“O diabo joga no time dos corruptos.”
“As ratazanas velhas de Brasília sempre encontram um jeito de nos calar.”
“O mecanismo é um câncer, é uma máquina de moer gente. Ele não tem alma, não tem limite. Não tem ideologia. A gente pena pra sobreviver. E ele cobra os juros e correção monetária. Ele ri da nossa cara. Ele caga na nossa cabeça.”
“O poder econômico e os agentes públicos, eles agem juntos. Os políticos nomeiam as diretorias, que dão as obras pros empreiteiros. Sempre os mesmos. Eles superfaturam e devolvem o dinheiro, parte do orçamento, pros políticos, pros diretores, em forma de propina. É um sistema que se autoperpetua.”
“Todo mundo tem um ponto fraco.”
Opinião
Marcos Frank
Médico neurocirurgião
Colunista