O leitor mais atento já percebeu o quanto este espaço tenta discorrer sobre o poder transformador do conhecimento. Por mais de uma ocasião isso foi dito. Àqueles com o desejo de fazer diferença na sociedade sabem que serão alunos a vida inteira. Que o aprendizado é constante, permanente e irreversível.
Um olhar simples sobre o cotidiano da cidade mostra o quão distante estamos disso. O cuidado com o lixo em Lajeado, por exemplo. Em todos os bairros – eu disse todos – há um descontrole. Por um lado pode ser responsabilidade do poder público, mas (e sempre tem um) também é da população.
Neste consórcio de responsabilidades, o trato do lixo expõe chagas sociais. Na manhã dessa quarta-feira, o Centro , na Av. Benjamin Constant, estava revirado.
O recorte dessas imagens é um indicativo de algumas falhas. Começamos com a falta de um modelo eficiente de coleta seletiva, desinformação social e modelo de lixeiras únicas em ruas com expansão demográfica ultrapassado.
Como a “Cidade Inteligente” pode resolver esse problema? Como é possível mudar o comportamento das pessoas? Despertar em todos o compromisso por uma cidade mais limpa? Deixo mais perguntas do que certezas, como de praxe.
Episódio histórico
Pela primeira vez em 128 anos de história, o Corpo de Bombeiros Militar do RS (CBMRS) tem, terá um soldado transexual. Aos 24 anos, Bruna Hevia Caravaca, deixou de existir nos documentos públicos e deu lugar para Theo Hevia Caravaca, sexo masculino, que teve a nova identidade reconhecida pela corporação.
Dentro do quartel, também houve mudanças, como a transferência do alojamento feminino para o masculino.
“Desde os meus colegas até os praças e oficiais do Corpo de Bombeiros, tive muito apoio e acolhimento de todos. Nunca sofri nenhum tipo de preconceito. Isso me surpreendeu bastante. Foi um processo muito leve e acolhedor, tanto que me sinto em casa quando chego aqui”, disse para a imprensa oficial do Piratini.
Novos tempos chegam também aos órgãos de segurança. Avanços por uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária sempre são bem-vindos.
A filosofia nossa de cada dia
Em tempos de tantas certezas, recorro a Descartes. A dúvida como método. As narrativas repetitivas e que tentam “vender” uma verdade me cansam. Há um exército de pseudo-especialistas com muitas certezas e poucos sábios cheios de perguntas.
Assuntos complexos, como aquecimento global, políticas públicas de assistência social, drogadição e, mais recente, importância da vacinação para controle de doenças, passam por soluções simples.
Mudanças climáticas. Dizem que é um ciclo normal da terra. Pessoas na linha de pobreza estão ali por que não querem trabalhar. Drogadição. Tem que ter pena de morte contra viciados. Vacina é controle da população.
Essas são algumas respostas inacreditáveis. Afinal, repetir o que a “minha bolha” defende é muito mais fácil do que formar um pensamento crítico a partir de evidências e fatos.
Em época das “pílulas” de conhecimento, dos vídeos curtos cheios de desinformação, de coachs da internet que transferem responsabilidades da macro-organização à mera engrenagem individual, sempre vou preferir a filosofia. Ela desempenha uma papel fundamental para entendermos esses discursos e saber separar o que faz sentido e o que é dito apenas para apaixonar as massas.