Bairro precisa conciliar crescimento com atenção aos problemas básicos

Rádio A Hora 102.9

Bairro precisa conciliar crescimento com atenção aos problemas básicos

Debate na Rádio A Hora apontou caminhos para o São Cristóvão manter a pujança econômica sem perder essência e características residenciais, além de melhorar infraestrutura

Bairro precisa conciliar crescimento com atenção aos problemas básicos
Convidados destacaram o desenvolvimento recente do bairro, bem como os desafios ao futuro / Crédito: Mateus Róis
Lajeado

Um bairro com um passado de superação e crescimento, um presente de diversas virtudes e muitos pontos a melhorar com vistas ao futuro. Este é o cenário do São Cristóvão, um dos mais antigos da cidade. Situado entre duas rodovias e cortado por uma importante avenida, busca um equilíbrio a partir da chegada de novos empreendimentos e a manutenção de características residenciais.

Superar os desafios de modo a garantir um desenvolvimento ordenado foi a tônica do quarto debate do projeto “Lajeado – Um novo olhar sobre os bairros”. Temas como os problemas enfrentados pela comunidade e as origens e formação do São Cristóvão também permearam o encontro.

Dois integrantes da Associação de Moradores do bairro, o presidente Desmar Dente e o vice-tesoureiro Ademir Schneider, além do diretor do Colégio Sinodal Gustavo Adolfo, Edson Wiethölter e o secretário de Desenvolvimento Econômico, André Bücker, participaram do debate.

Dente e Schneider, nascidos e criados no São Cristóvão, são testemunhas vivas das transformações do bairro ao longo das décadas. “Quem o conheceu há 50 anos percebe a mudança. Nesse período, já vi muitas coisas serem feitas, mas há outras que ainda não foram executadas”, observa Schneider

Novo patamar

Wiethölter está à frente do Gustavo Adolfo há quase 20 anos. Neste período, entende que o colégio contribuiu para o São Cristóvão alcançar esse estágio de crescimento. Cita o exemplo da própria instituição, que quadruplicou sua atuação em uma década.

“O bairro também tem esse impacto. O que se percebe é que os locais são ocupados por pessoas. Ou seja, se alguma coisa se desenvolve ali, é em virtude das pessoas que lá estão. Outro fator é: onde existe escola, existe desenvolvimento. Isso é fato consumado. É um combo de coisas que se auto-contribuem”, salienta.

Expansão dos negócios

O São Cristóvão se tornou convidativo para a abertura de novos negócios. Mas não são apenas empreendimentos do porte de uma Unimed ou Sicredi, por exemplo. Também de pequenas empresas e microempreendedores individuais (MEIs). Os números impressionam, segundo Bücker.

“Fizemos um levantamento aproximado, e constatamos que Lajeado tem em torno de 16 mil CNPJs. No São Cristóvão, são 877 empresas, 135 autônomos e 660 MEIs. Ou seja, 10% de todos os CNPJs da cidade são vinculados ao bairro. Tudo depende muito do olhar de cada empreendedor”, revela.

Bücker argumenta que, contudo, o desenvolvimento do São Cristóvão também está atrelado a outros fatores, como a Univates. “Não temos como olhar os bairros de forma individual, porque estão muito próximos uns aos outros. O crescimento do São Cristóvão passa também pelo crescimento do Universitário e vice-versa”.

No São Cristóvão, são 877 empresas, 135 autônomos e 660 MEIs. Ou seja, 10% de todos os CNPJs da cidade são vinculados ao bairro”

André Bücker,
secretário do Desenvolvimento Econômico

Mobilidade

Dentro da associação de moradores há duas décadas, Dente comenta que, ao mesmo tempo em que impressiona, o crescimento assusta. E preocupa. “O poder público precisa olhar um pouco mais para nós. Nossa população sempre foi muito proativa. Cada um faz por si. Não ficamos esperando de mãos atadas. Mas é necessária uma atenção maior”.

Schneider complementa, abordando a crescente no fluxo de veículos. “Há ruas onde é impossível transitar, como a Coelho Neto. Antigamente, tínhamos poucas casas. Até boiadas passavam pelas ruas. Hoje, enfrentamos essa dificuldade. Então, esse crescimento em tão pouco tempo assusta, pois são muitas construções prediais e a tendência é ter mais ainda”.

Nossa população sempre foi muito proativa. Cada um faz por si. Não ficamos esperando de mãos atadas. Mas é necessária uma atenção maior”

Desmar Dente,
presidente da Associação de Moradores

Planejamento e retorno

O Gustavo Adolfo faz um amplo trabalho de planejamento estratégico e muitas das ações executadas, segundo Wiethölter, tem relação com o bem-estar das pessoas. “Revitalizamos os fundos da escola e estamos organizando uma possível restauração do teatro, para tornar o espaço mais público à comunidade. Temos investimentos vindouros, que podem trazer retorno ao bairro”.

O diretor ressalta que o crescimento da instituição acompanha o momento do bairro, com a chegada de novos moradores nos últimos anos. “Isso não foi feito apenas para sermos a maior da cidade, mas por uma questão de necessidade. A população está chegando e nos exige isso”.

Renovação

Embora seja numerosa, a maior parte população do São Cristóvão não costuma se envolver com a associação de moradores. Há uma dificuldade evidente na formação de novos líderes, segundo Dente.

“Muitos acham que as coisas fluem sozinhas e só se envolvem quando realmente precisam da diretoria para resolver uma questão pessoal. Mas quando estamos em busca de novos membros, ninguém quer”, lamenta.

Um dos maiores desafios enfrentados pela associação são atitudes dos próprios moradores, lembra Schneider. “Nós percebemos a falta de humildade das pessoas e de interesse em ajudar os outros. É apenas cobrança”.

O que se percebe é que os locais são ocupados por pessoas. Ou seja, se alguma coisa se desenvolve ali, é em virtude das pessoas que lá estão. Outro fator é: onde existe escola, existe desenvolvimento. Isso é fato consumado”

Edson Wiethölter,
diretor do Colégio Gustavo Adolfo

 

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