O associativismo precisa cada vez mais de pessoas

Opinião

Fernando Röhsig

Fernando Röhsig

Consultor empresarial

O associativismo precisa cada vez mais de pessoas

A palavra cooperar tem origem no latim e significa trabalhar em conjunto. O cooperativismo preconiza a colaboração e a associação de pessoas ou grupos com os mesmos interesses a fim de conquistar vantagens comuns em suas atividades econômicas, o que contribui com o empreendedorismo. E o associativismo é um modelo de colaboração entre pessoas e empresas que não necessariamente requer resultados econômicos. Mas está faltando gente para atuar nas associações. E sem gente boa, nossa herança associativista e seus benefícios correm o risco de se perder.

Para o associativismo, é preciso cooperação: a reunião de pessoas em organizações, com modelos caracterizados pela livre adesão, gestão democrática, sem fins lucrativos, mas com objetivos comuns. Este foi o modelo trazido pelos imigrantes ao Sul do Brasil e que resultou na construção de comunidades, igrejas, escolas, clubes de futebol, entre outros.

Por sua livre vontade, a pessoa decide se associar a uma entidade e para isso, em geral, faz o pagamento de um valor e depois de uma mensalidade, taxa ou outro recurso que ajudará a manter os custos e os investimentos necessários para que a organização atinja seus objetivos. Muitas dessas antigas associações existem até hoje como um legado das antigas gerações e uma prova do sucesso do modelo associativista.

Para se manter, estas entidades são organizadas a partir de estatutos, e buscam pessoas para ocupar cargos da governança, seja em nível de conselho deliberativo, administração, fiscal ou consultivo, bem como dirigentes ou profissionais remunerados para o dia a dia das atividades do empreendimento. A gestão é democrática porque são os próprios associados que buscam eleger os sócios que ocuparão os cargos para representar a si mesmos.

A atuação normalmente ocorre de forma voluntária. Colocar o nome à disposição do associativismo requer coragem, vontade, aceitação e um mínimo de conhecimento sobre como a entidade funciona para atuar em nome dos associados. É neste momento que a governança aparece com os atributos da prestação de contas, equidade, transparência e responsabilidade organizacional.

Para funcionar bem, qualquer organização precisa de pessoas. E em entidades associativas, é preciso que elas tenham conhecimento específico para atuar. Foi nos valores do associativismo, com muito trabalho voluntário, que nossas comunidades alicerçaram sua caminhada nos últimos dois séculos. E foram, são e serão sempre as pessoas que farão o associativismo se desenvolver e crescer.

Atuando em diversas entidades deste tipo, percebe-se uma carência recorrente de pessoas com disponibilidade, conhecimento, vontade e recursos financeiros para participar de associações com essa finalidade. A origem deste afastamento pode estar na vida corrida, na falta de tempo, em atitudes mais individualistas, na falta de empatia com necessidades coletivas.

O que podemos fazer, como pessoas e como empresas, para transformar este quadro? Como pessoas, devemos buscar atuar de forma voluntária em entidades de nosso interesse e estimular nossos familiares e amigos a assumirem posições deste tipo. Devemos, também, incentivar as crianças desde pequenas a desenvolverem atividades voluntárias. Como empresas, é possível incentivar a participação dos funcionários em entidades como parte da jornada de trabalho, ou mesmo criando atividades voluntárias em grupos internos.

Estimular a participação associativa é uma forma de retribuir à comunidade pelos benefícios que tivemos até aqui. É uma forma de honrar nosso passado comunitário e deixar para o futuro organizações melhores e mais preparadas.

O associativismo precisa cada vez mais de pessoas qualificadas. Você está fazendo a sua parte? Se não está, que tal começar depois de ler este texto?

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