Uma das principais revelações da história do Clube Esportivo Lajeadense, Adriano da Silva, 48, conhecido como “Adri”, foi encontrado morto no início da tarde de ontem em sua casa no Bairro Santo André, em Lajeado.
Adri morava sozinho e foi encontrado pelo irmão, Paulo, deitado sem vida no sofá de casa. A causa da morte ainda não foi divulgada mas, a suspeita é de que o ex-jogador tenha morrido há mais dias.
Reconhecido como um dos principais jogadores a surgir nas categorias de base do Alviazul, Adri era apontado por quem o viu jogar como o maior talento já revelado no clube. De ascensão meteórica, o camisa 10 de drible fácil e velocidade subiu aos profissionais do Dense no início da década de 90 e logo partiu para a Alemanha, onde defendeu vários clubes. Na Europa, começou também a enfrentar os males que o acompanharam no restante de sua vida: o álcool e a drogadição.
Ex-colega de equipe e também amigo, o atual presidente do Conselho de Administração do Lajeadense, Everton Giovanella, lamenta a morte. “O Adri foi o Adri. Irreverente como era jogando. Infelizmente vencido por uma praga que são as drogas. Foi um grande jogador, mas não conseguiu ser um grande atleta. Fica a saudade dele, da alegria e simplicidade que tinha. A pena por não ter visto talvez o melhor jogador criado em Lajeado triunfar como a gente gostaria e ele merecia. As escolhas da vida são assim e que descanse em paz.”
Atual treinador do Lajeadense, Serginho Almeida é amigo pessoal dos irmãos de Adri e foi uma das primeiras pessoas a saber do falecimento. “É muito triste o que aconteceu com o Adri. Uma pessoa que nasceu com o talento acima do comum. O maior potencial que passou pela cidade. Ele tinha os problemas dele, que eram ruins para ele mesmo. Mas era uma pessoa maravilhosa e que estava sempre feliz. Sou pastor de alguns familiares. Ele frequentou a igreja também. É uma tristeza visualizar o ser humano desta forma. Mas o Adri deixa, para mim, memórias muito boas.”
Nos últimos anos, Adri conseguiu por alguns períodos ficar longe dos vícios. Passou a frequentar a igreja, trabalhou como entregador de panfletos e até voltou a jogar futebol com o time dos ex-jogadores do Lajeadense. Porém, não conseguiu ficar limpo por muito tempo.
De revelação do Dense a ídolo na Alemanha
O Jornal A Hora contou em reportagem especial em 2017 a trajetória de Adri no futebol e a turbulenta vida fora dele. Com o título “De ídolo na Alemanha ao isolamento em Lajeado”, esmiuçou as características dentro de campo e a passagem por vários clubes da Europa antes de retornar ao Brasil e conviver com a dependência química.
Revelado pelo Lajeadense aos 16 anos, o meio-campista chegou a Alemanha com pompa sendo apelidado de “novo Pelé” em matéria do tradicional jornal Bild. Em solo alemão, por cerca de dez anos passou por Hertha Berlin, F.C. Homburg, F.C. Saarbrücken, S.C. Rot-Weiß, S.C. Verl e Karlsruher SC. No retorno ao Brasil, já com problemas pessoais, ainda chegou a fazer testes no Internacional e atuar novamente pelo Lajeadense.
Um dos últimos jogos oficiais foi no dia 10 de março de 2004, no Estádio Florestal, pela segunda divisão do Campeonato Gaúcho. O adversário era o Garibaldi, e o Lajeadense venceu por 1 a 0. O gol, marcado aos 40 minutos do segundo tempo, foi de Adriano da Silva.