Expectativas são situações nas quais indivíduos ou grupos esperam a ocorrência de algo, e é nessas condições que os diversos atores privados e públicos percebem e determinam suas expectativas para a economia brasileira, para a economia gaúcha e de seus próprios negócios. Em se tratando da economia gaúcha, no ano de 2022 o Produto Interno Bruto (PIB) do RS retraiu 5,1%, ou seja, a economia gaúcha encolheu mais de 5%, apesar do último trimestre do ano demonstrar um crescimento de 1,7% comparado com o penúltimo trimestre do ano.
O principal impacto em 2022 esteve vinculado à retração no setor da agropecuária, associado à estiagem. A queda do agronegócio foi de -45,6%, enquanto que a indústria cresceu 2,2% e os serviços 3,7% no ano de 2022. Em se tratando dos principais produtos, as quedas de produção mais relevantes ocorreram na soja (-54,3%), no milho (-31,6%) e no arroz (-9,7%). Já em se tratando dos preços das commodities, apesar dos preços continuarem altos, a pressão pelos aumentos arrefeceu e alguns preços diminuíram.
O RS é dependente da dinâmica da produção do agronegócio e os resultados da estiagem, por exemplo, desencadeiam inúmeros impactos na maior parte dos setores econômicos da economia gaúcha. Apesar dos dados do PIB darem conta de um decréscimo da economia gaúcha, em se tratando do tema do emprego, o RS terminou o ano de 2022 com uma taxa de desocupação da mão de obra em 4,6%, enquanto que a média brasileira foi de 7,9%. Corrobora com tal aspecto, que no estoque de empregos de fevereiro de 2022 a janeiro de 2023, houve a criação das 86.026 novas vagas, o que representou um aumento de 3,3% no acumulado dos 12 meses até o início de 2023.
Se observarmos a nossa região, o Vale do Taquari, ficou na faixa de 3-5% na criação de novas vagas de trabalho, ou seja, trata-se de um saldo positivo entre admissões e demissões na região e no estado. Associado aos aspectos anteriores, a massa real de rendimentos do 4° trimestre de 2022 apresentou uma alta de 16,2% em relação ao mesmo trimestre do ano de 2021. No entanto, se observarmos o índice de confiança dos empresários gaúchos, hoje esse é de 48%, enquanto o índice de confiança dos consumidores é de 82%.
Nos dois casos esse indicador demonstra desconfiança, pois, abaixo de 50% e de 100%, respectivamente, demonstram que empresários e consumidores estão desconfiados com o que vai ocorrer com a economia internacional, brasileira e gaúcha. Por fim, se observarmos os preços praticados no Brasil e no RS, o IPCA em POA, acumulado nos últimos 12 meses (até março de 2023), foi de 4,37%, enquanto que no Brasil foi de 4,65%, ou seja, os preços gaúchos aumentaram menos que os preços médios das regiões do Brasil. Considerando todos os aspectos indicados acima, as perspectivas para a economia gaúcha estão vinculadas ao crescimento internacional e brasileiro.
Os cenários são desafiadores considerando os impactos do baixo crescimento do agronegócio atrelados à estiagem e perspectivas para esse ano de 2023 de continuidade dos riscos climáticos. A confiança dos empresários e dos consumidores é necessária para potencializar os ciclos de crescimento econômico e esse é um dos temas mais delicados em se tratando da economia gaúcha. Se os consumidores não estiverem confortáveis para tomar suas decisões de compra e os empresários não estiverem confortáveis para tomarem suas decisões de investimentos, a retomada econômica não é sólida e contínua. Essa expectativa não está atrelada a capacidade dos próprios empresários e sim, das políticas econômicas nacionais e locais, além das condições do cenário internacional. Dessa forma, é absolutamente necessário para os governos da União e do Estado do RS, transparência na tomada de decisão. É, a partir dessa transparência das políticas econômicas e dos projetos públicos, que se dará a tomada de decisão individual de empresários e consumidores.