Projeto para requalificar a Júlio divide opiniões

CADERNO DOS BAIRROS

Projeto para requalificar a Júlio divide opiniões

Governo avança em proposta, após mais de um ano em estudo e elaboração. Porém, enfrenta resistência de entidades sobretudo pela falta de um investimento concreto em fiação subterrânea. Por outro lado, repaginação das calçadas e arborização são destacadas

Projeto para requalificar a Júlio divide opiniões
Rua Júlio é considerada o polo do comércio regional. Concentra também grande quantidade de serviços (Foto: Felipe Neitzke)
Lajeado

Principal via comercial de Lajeado, a rua Júlio de Castilhos se tornou o centro das atenções no município. Tudo por conta do projeto de requalificação proposto pelo Executivo de Lajeado, elaborado a partir de um amplo estudo feito por empresa terceirizada. Mas a proposta ainda gera mais dúvidas do que certezas na população.

O projeto foi apresentado pelo município ao Fórum das Entidades em março e prevê uma reestruturação completa da via, desde o entroncamento com a avenida Benjamin Constant até a orla do Rio Taquari. Arborização, repaginação das calçadas, mais espaços de convívio e lazer e nova iluminação estão entre as melhorias previstas ao trecho.

Orçada em R$ 5 milhões, a reformulação da via divide a Júlio de Castilhos em dois setores, pela sua extensão e também peculiaridades entre os dois pontos. O primeiro abrange 12 quadradas, até a Praça da Matriz. Já o segundo setor conta somente com a quadra entre as ruas Marechal Deodoro e a Osvaldo Aranha.

Desde a saída de Giancarlo Bervian da Secretaria de Planejamento, Mobilidade e Urbanismo (Seplan), a discussão sobre o projeto não avançou. A reunião mais recente com as entidades do município ocorreu em abril.

Aproveitar o momento

Diretor de infraestrutura da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), Eduardo Gravina entende que o governo municipal deve aproveitar o momento de reestruturação da Júlio para fazer os investimentos necessários para se adequar ao marco legal do saneamento. Sem isso, para ele, os serviços feitos serão perdidos.

“Sem dúvidas, tem que acontecer agora. Batemos muito na tecla de que não adianta investir em melhorias se não trabalhar o que precisa ser trabalhado. Um dia teremos que abrir as ruas para passar a tubulação de esgoto. Então, devemos levar isso em conta em uma eventual intervenção na Júlio”, afirma.

O posicionamento de Gravina, que participa da reunião do Fórum das Entidades, é também de que seja feito o cabeamento subterrâneo, uma das demandas mais defendidas pelo grupo. “É momento de aproveitar, retirar a rede aérea de energia, internet e telefonia. Se não, teremos que abrir novamente as ruas no futuro”.

Complementos

Presidente da Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Vale do Taquari (Seavat), Evelise Ribeiro também participa das discussões sobre a rua Júlio no Fórum das Entidades. Para ela, o projeto apresentado pelo município contempla boa parte do que é necessário para melhorar a via. Também elogia a disposição do Executivo para dialogar.

Um dos aspectos abordados por Evelise diz respeito a parte estética da via, que, para ela, precisa ser repensada. “Acredito que os responsáveis pegaram o espírito do que a cidade precisa. Mas, sem dúvidas, precisa ser complementado. O que eu enxergo num primeiro momento é a questão da fiação. E também um regramento para a comunicação visual nas placas de lojas”, frisa.

A arquiteta também pontua a necessidade de uma iluminação mais eficiente, de forma que ofereça maior segurança aos lojistas e pedestres. “Isso gera maior confiança. São diversos fatores. Com certeza o projeto vai contemplar. É necessário”, observa.

“Ouvir a comunidade”

A Júlio de Castilhos é o “Cristo Protetor” de Lajeado, para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Aquiles José Mallmann. A frase se dá pela importância econômica da via, que hoje concentra a maior parte do comércio local e uma grande gama de serviços. Por isso, avalia que as discussões são necessárias para a construção de um grande projeto.

“Nosso anseio é que a comunidade seja ouvida para construção de algo harmônico. Pode ser pensado a longo prazo. A cidade de Lajeado está com quase 100 mil habitantes, e é necessário um olhar especial”, frisa Mallmann. Ele acredita que o Executivo tenha um orçamento adequado à necessidade.

“O projeto hoje é lindo, no papel. Só queremos ver isso sendo executado. Vale a pena avaliar melhor e debater o projeto com as pessoas que vivem mais o Centro da cidade. Isso é o anseio do Fórum das Entidades”.

1 – Rua Tiradentes
2 – Rua Pinheiro Machado
3 – Rua Saldanha Marinho
4 – Rua Fialho de Vargas
5 – Rua Carlos Von Koseritz
6 – Rua Alberto Torres
7 – Rua Santos Filho
8 – Rua João Batista de Melo
9 – Rua Francisco Oscar Karnal
10 – Rua Julio May
11 – Rua Borges de Medeiros
12 – Rua Marechal Deodoro
13 – Rua Osvaldo Aranha

(*) EM AMBOS
– Iluminação a nível do pedestre, prioritariamente em trechos com calçadas mais largas
– Iluminação especial em áreas de convivência
– Pavimentação de paralelepípedo e padronização das calçadas
– Adequação de bueiros e sarjetas
– Vegetação na paisagem
– Vegetação baixa nos canteiros de cruzamento
– Instalação de parklets temáticos
– Melhoria geral dos passeios
– Pavimentação de fácil manutenção no caso de obras de reparos
– Arcos desmontáveis para instalação somente quando necessário
– Substituição da fiação aérea por fiação subterrânea (mediante projeto específico)
– Critério para posicionamento das faixas de pedestre
– Bicicletários e paraciclos ao longo da via
– Sinalização viária horizontal e vertical
– Ordenar sentido viário na Praça da Matriz
– Mobiliários ao longo da via

Orçamentos à requalificação

Pavimentação de passeio
R$ 2,3 milhões

Pista de rolamento
R$ 42,4 mil

Ciclovia
R$ 75,4 mil

Vegetação
R$ 172,9 mil

Mobiliário
R$ 384,8 mil

Rede de drenagem
R$ 337,8 mil

Sinalização viária
R$ 1,3 milhão

Acompanhe
nossas
redes sociais