“O trabalho dele não era perfurar poços, carregar trens ou transportar barris. Era pensar e tomar boas decisões. O produto de Rockefeller – o que ele tinha a oferecer – não era o que ele fazia com as próprias mãos ou com as palavras. Era o que ele resolvia dentro da própria cabeça. Portanto, era a isso que ele dedicava a maior parte de seu tempo e sua energia. Apesar de ficar sentado em silêncio durante a maior parte do dia, algo que poderia parecer tempo livre ou lazer para a maioria das pessoas, dentro da cabeça ele estava sempre trabalhando, pensando em soluções para os problemas.”
Esta frase, reproduzida da página 115 do livro “A Psicologia Financeira – Lições atemporais sobre fortuna, ganância e felicidade”, de Morgan Housel, explica um pouco sobre o modo de ser de John Davison Rockefeller (1839-1937), o primeiro bilionário norte-americano e até hoje considerado um dos homens mais ricos de todos os tempos. Foi dele a mente que revolucionou a indústria do petróleo, desde a exploração, passando pelo desenvolvimento, produção, refino, transporte e distribuição.
Rockefeller fundou a Standard Oil Company em 1870, quando o querosene era necessário para iluminar as lamparinas das residências e ruas das cidades americanas. Anos depois, já no início do século passado, surge o mercado automobilístico, com o uso de motores à combustão que precisavam ainda mais de combustível. As realizações de Rockefeller são imensas, e os registros de seus feitos evidenciam o quanto sua vida foi orientada pela tomada de boas decisões – e de quanto pensamento foi necessário para chegar a elas.
E você: quem está pensando em soluções para os problemas da sua empresa?
Dedicar energia, ter um espaço, ficar em silêncio, manter a disciplina, ter bons hábitos e, fundamentalmente, ter tempo livre para tudo isso requer autoconhecimento e maturidade. No mundo do trabalho, é muito comum que o tempo dedicado ao trabalho se transforme na execução de tarefas repetitivas, pequenas rotinas e hábitos metódicos que passam a ser chamados de “trabalho”. Ele dá a sensação de que estamos envolvidos, dedicados, preocupados, trabalhando diuturnamente. E quem assiste a isso no ambiente laboral também se convence de que estamos trabalhando. E estamos!
E, se neste mesmo ambiente, uma pessoa estivesse isolada dentro de uma sala, ou em frente à sua estação de trabalho, apenas em silêncio e dedicando tempo para “só” pensar? Provavelmente haveria uma discriminação inicial, silenciosa, com olhares surpresos ou críticos, e logo alguém diria “Está mesmo trabalhando?”
Solucionar problemas dá trabalho. E para solucioná-los, é preciso pensar. E “só” pensar também dá trabalho. Assim como Rockefeller precisou de muitas pessoas para executar tudo o que ele tão inteligentemente arquitetou e planejou, toda empresa precisa de gente dedicada a pensar – estratégias, mercados, custos, ou seja, a solução de problemas. Como as empresas podem liberar gente para “só” pensar, sem deixá-las reféns de uma rotina exaustiva em que o tempo dedicado a pensar seja mal visto?
Rockefeller dedicou tempo e energia dentro da sua cabeça para encontrar a solução dos problemas. Como líder e empresário, esse era o trabalho dele. E você, tem pensado nisso? Ou tem deixado alguém de sua equipe pensar?