Número de beneficiários  do Bolsa Família cresce na região

BENEFÍCIO SOCIAL

Número de beneficiários do Bolsa Família cresce na região

Cenário de crise econômica nacional influencia na dificuldade da geração de emprego e aumento da renda. Em uma década, 24 cidades do Vale tiveram acréscimo de famílias que recebem o auxílio

Número de beneficiários  do Bolsa Família cresce na região
Crédito: Divulgação
Vale do Taquari

Em dez anos, o número de beneficiários do Programa Bolsa Família na região passou de 7.117 para 9.801, o que corresponde a um aumento de 37,71%. Das 38 cidades do Vale, 24 têm mais pessoas recebendo o auxílio. Os dados são do Portal da Cidadania do Governo Federal.

Entre as principais causas para o acréscimo e dificuldade em diminuir os números, estão as crises econômicas enfrentadas no Brasil na última década. A economista Cíntia Agostini lembra que entre 2013 e 2014, houve um incentivo da União para que as pessoas se cadastrassem no programa, e os anos seguintes foram difíceis em termos econômicos. “A gente entra em uma crise em 2016, momento em que o PIB do Brasil, em dois anos, decresceu praticamente 7%. Começamos a recuperar em 2017, e aí, em 2020, entramos na pandemia e tivemos uma nova crise”, aponta.

A especialista afirma que, em momentos como esses, quem mais sofre é a população mais pobre, que depende de empregos informais e vê a renda diminuir de forma significativa. Assim, a necessidade de auxílios de complemento ao orçamento aumenta. Uma vez que problemas como esse se repetem, o programa não encontra solidez e nem caminhos para que se forme uma geração independe do auxílio.

No Vale

Apesar do desenvolvimento da região, Cíntia aponta para o problema da concentração de renda. Além da informalidade, a economista destaca que a população desempregada no Vale é aquela que carece de qualificação e estabilidade. Assim, a vulnerabilidade social passa por diferentes aspectos.

“O conceito de vulnerabilidade é amplo nessas condições. Essas são pessoas que têm muitas dificuldades, lhe faltam muita coisa e aí elas não conseguem exercer as profissões de uma forma adequada”, destaca. No Vale do Taquari, hoje, são R$ 6,76 milhões destinados ao Bolsa Família. A cidade que conta com o maior valor é Lajeado, com R$ 1,31 milhão. Já a média de cada benefício é de R$ 700,38.

Aumento de 78% de beneficiados

Lajeado também é o município com maior acréscimo de beneficiários no programa. Em 2013, eram 1.056. Hoje, são 1.880. O número poderia ser ainda maior, já que na cidade, são 2.774 famílias com renda per capita mensal inferior a R$ 218, sendo que 2.186 têm renda mensal per capita de R$ 109. Muitas famílias ainda aguardam pela liberação do auxílio.

Conforme a assistente social gestora do Cadastro Único, Mara Sauter, esse ainda é um reflexo da pandemia. “Essas são famílias que passam por situações de extrema vulnerabilidade. Muitas são chefiadas por mulheres que têm trabalhos informais, como faxinas, e que perderam boa parte da renda durante o isolamento social”, conta.

O desemprego é a principal queixa no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de Lajeado. Como forma de superar a vulnerabilidade, o local as famílias são acompanhadas pelos profissionais que desenvolvem atividades e oficinas, escuta das demandas e encaminhamento para o mercado de trabalho.


Quem recebe o Bolsa Família?

  • Para receber os benefícios, a principal regra é a “renda mensal por pessoa”. Se ela for de até R$ 105,00 (situação de extrema pobreza), a entrada no Programa Bolsa Família pode acontecer mesmo se a família não tiver crianças ou adolescentes;
  • Se a renda por pessoa for de R$ 105,01 até R$ 210 (situação de pobreza), a entrada no Programa ocorre somente se a família tiver, em sua composição, gestantes, crianças ou adolescentes;
  • Ao se encaixar em uma das situações, o cidadão pode receber o Bolsa Família mesmo se trabalhar com carteira assinada, for Microempreendedor Individual (MEI) ou se tiver alguma outra renda;
  • Para receber, é preciso se inscrever no Cadastro Único (CadÚnico) e aguardar a análise de um sistema informatizado, que avalia todas as regras do programa;
  • A entrada no Bolsa Família não é automática, pois o Governo Federal analisa o limite orçamentário do programa.

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