Trezentos anos antes do nascimento de Cristo, um comerciante do Chipre naufragou e perdeu tudo que tinha. Tendo escapado com vida, Zeno (esse era o nome do comerciante) foi parar na Grécia, onde conheceu o pensamento de vários pensadores gregos.
Tendo aprendido na própria pele o quanto o mundo material é inseguro e inconstante , surgia ali um dos pensamentos mais conhecidos da filosofia estoica: “Não é o que acontece com você, mas como você reage a isso, que importa.”
Séculos mais tarde, Sêneca, conselheiro do Imperador Romano Nero, escreveu uma carta a seu amigo Lucílio, onde falava sobre um dos componentes centrais do estoicismo: a habilidade de nos blindarmos contra o infortúnio:
“A maioria dos homens míngua e flui em miséria entre o medo da morte e as dificuldades da vida; eles não estão dispostos a viver, e ainda não sabem como morrer. Por essa razão, torne a vida como um todo agradável para si mesmo, banindo todas as preocupações com ela.”
Não é por outro motivo que o estoicismo que tem sido cada vez mais valorizada no mundo moderno, especialmente na busca por um estilo de vida mais equilibrado e satisfatório. Não preciso lembrar o quanto ela pode ser útil para quem vive no Brasil e está sujeito as mudanças de humor dos governantes e da economia local.
Para os brasileiros, convém indicar um exercício muito comum entre estóicos que é você se preparar para alguma situação importante que será enfrentada, perguntando a si mesmo: qual seria o pior desfecho possível para essa situação?
A lógica por trás disso é, primeiro, se você já sabe qual seria o pior resultado possível, pode começar a se preparar para ele. Segundo, o exercício serve para lembrar você mesmo de que, se o pior acontecer, você é perfeitamente capaz de lidar com isso. E na verdade, na maioria das vezes, o pior não acontece.
No fundos, as únicas coisas que estão sob nosso controle são nossos julgamentos, opiniões e valores que escolhemos adotar. Portanto, é nelas que devemos focar. Todo o resto é passageiro.