Nas margens das ruas de mão única de Estrela, dezenas de casas contam histórias e boa parte de seus inquilinos são a própria história da cidade. Para alguns, pode parecer que aquele centro com edificações antigas não evoluiu. Para tantos outros, isso significa conservar memórias.
Uma delas vive na rua Venâncio Aires, na casa de Erno e Seli. O casal, ambos com mais de 80 anos de idade, foi pioneiro na categoria “casais” dos Grupos Folclóricos de Danças Alemãsde Estrela e, depois de quase 40 anos, já que as pernas não acompanham mais os passos de valsa ou polca, são as fotografias que mostram as décadas de dedicação voluntária a um dos maiores eventos do município: O Festival do Chucrute, que vai de 20 a 28 de maio.
Não é preciso muita experiência pra entender a importância da história daqueles dois senhores. Se não para todos vocês, leitores, para eles mesmos que veem todas as recordações voltando à tona e estampadas nas páginas do jornal.
Ao sair da casa deles e descer as escadas externas até o primeiro andar, a rua Venâncio Aires trouxe mais uma lembrança. Apesar de passar pela via diversas vezes em tantos anos de visita à antiga casa que minha avó materna viveu na infância, nunca soube que a rua ficava, de fato ali, e que a residência era quase vizinha a de Erno e Seli que, inclusive, conhecem minha avó. Mas peguei a direção errada – por engano, ou talvez sorte – e quando quis voltar, ao olhar para o lado, estava em frente àquela antiga casa da avó.
Eu não sou estrelense mas, de uma forma ou de outra, todas as nossas histórias também se cruzam. A entrevista na casa dos ex-dançarinos não tinha ligação direta comigo, mas o fim daquela manhã me mostrou que a gente sempre encontra a nossa própria história em algum lugar.
Seja por meio dessas edificações antigas, das danças, jogos ou pela culinária, são festivais, lugares e pessoas como essas que fazem a nossa cultura perdurar. São os mais antigos que nos contam as histórias. São os mais novos que tem o papel de continuar.