“Não é somente um business. É muita responsabilidade social e humana”

O MEU NEGÓCIO

“Não é somente um business. É muita responsabilidade social e humana”

Renata Casagrande Galiotto, CEO da Ciamed, aborda os desafios de comandar uma multinacional. Empresária também detalha surgimento do negócio e a consolidação

“Não é somente um business. É muita responsabilidade social e humana”
Crédito: Deivid Tirp
Encantado

A partir do desejo de proporcionar uma vida melhor para a família, Renata Casagrande Galiotto deu o pontapé inicial para o que hoje é uma multinacional de renome. Nascida em Vespasiano Corrêa, é a mais velha entre três irmãos. Por isso, cresceu com a responsabilidade de ajudar a família.
Renata participou de “O Meu Negócio”, programa multiplataforma do Grupo A Hora, direto da unidade da Rádio A Hora em Encantado. Ela comenta que terminou o ensino médio em Vespasiano Corrêa. Após, estudou em Guaporé e se formou professora. Depois de um período de estágio, mudou-se para Porto Alegre, onde iniciou a faculdade de optometria.

A empreendedora ressalta que, mesmo vindo de uma família humilde, seus pais lhe ensinaram os valores que carrega até hoje. “Meu pai e minha mãe nunca me deram dinheiro para que eu ficasse rica, mas me ensinaram o que é certo e errado, o que é ético, e o valor da ajuda ao próximo”, afirma.

Durante sua fala também recorda de momentos marcantes de sua infância e como esses a influenciaram na construção da carreira. Sua empresa, a Ciamed, é uma distribuidora de medicamentos, majoritariamente baseada em itens de alto custo. Remédios para câncer, imunossuprimidos, transplantados, bombas de infusão, e doenças crônicas estão entre os principais a disposição no mercado.

Renata comenta que sua cidade natal é o local onde ela recarrega as energias após uma semana agitada de trabalho. “No sábado, se eu não for para Vespasiano Corrêa, a semana não começou nem terminou”, afirma.


ENTREVISTA – Renata Casagrande Galiotto • CEO da Ciamed

“Não há como você engajar uma pessoa falando uma coisa e fazendo outra”

Rogério Wink: A Ciamed sempre foi assim, como é atualmente?

Renata Casagrande Galiotto: Não, eu fazia faculdade de optometria na Ulbra e durante meu trabalho de conclusão optei por me reinventar. Enquanto fazia um trabalho sobre geriatria ocular, meu professor me questionou porque não abrir um atacado. Ele me disse para pesquisar se havia algum na região. Certa noite eu entendi que ele estava falando de uma distribuidora, e realmente não tinha nenhuma. Abri a Ciamed em 2003, a partir de um financiamento. Numa sala no quarto andar da loja Beneduzzi estávamos eu, um colega, uma impressora e uma pilha de folhas em branco.

Wink: O que você aprendeu durante esses anos?

Renata: A forma de não ir com muita sede ao pote, de ponderar correr riscos. Tive pessoas que me treinaram com muita dureza. Passei pela famosa fase do polimento, olhar para dentro de si e enfrentar a mim mesma. Pensar antes de agir, a empresa sofre as consequências da decisão tomada rapidamente e elas podem não ser boas.

Wink: No teu negócio hoje, qual a importância dos fornecedores? Como você fez para conquistá-los?

Renata: Você imagina que eu comecei com a empresa nacional e descobri que esse oceano não era tão azul. Passei a observar como outras empresas atuavam no Brasil. Decidi que iria migrar a Ciamed de nacional para multinacional. Uma das maiores dificuldades é trazer esses chefes de multinacionais até Encantado. Quando eu consegui trazer essas pessoas até aqui eu sabia que teria uma única chance.

Wink: Qual a importância deles virem para cá?

Renata: Primeiro, eles não acham o galpão. Segundo, eles acham uma empresa toda estruturada e que passou por muitas certificações. Quando eu consigo trazer para cá, estou no meu território, então o jogo muda. É muito diferente tu negociar na casa deles e negociar na tua casa. A indústria farmacêutica é um ramo frio porque lida com o mais sagrado para as pessoas. Se lida com a vida. Essa indústria não precisa de dinheiro porque ela já tem. Ela precisa de confiança, credibilidade e palavra.

Wink: Qual a importância do sistema de distribuição e logística no teu negócio?

Renata: Pela questão de logística, não são todas as distribuidoras que vêm até Encantado buscar os produtos. Então, principalmente a cadeia fria, eu tive que abrir em outros lugares. Além de mais perto dos clientes, você consegue fazer mais entregas. É um processo caro, mas se essa medicação não for recebida do jeito certo, não fará efeito. Afinal, não é um business somente, é muita responsabilidade social e humana.

Wink: Como se conquista o engajamento das pessoas?

Renata: Pelo exemplo. Não há como você engajar uma pessoa falando uma coisa e fazendo outra. Sempre trabalhei com muitos jovens, chegou um momento em que eu não sabia o que falar com eles, então eu fui estudar. Hoje pertenço ao Conselho de CEO FGV Brasil.

Wink: Qual a importância de se envolver em causas comunitárias?

Renata: Não podemos ter medo de nos posicionar quando se defende uma causa que é ética, comum e que vai beneficiar várias pessoas. Eu nunca tive medo de me posicionar, muitas vezes as pessoas só precisam de alguém que dê esse estímulo para se posicionar também. A consciência do peso social que a gente tem nos traz uma responsabilidade muito maior de dar certo.

Wink: Tem alguma mensagem que você queira deixar?

Renata: É preciso dividir para somar depois. Toda a região passa por um processo de muita aprendizagem com isso. Só existe um time vencedor quando todos eles convergem.

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