A Mesa Diretora e a assessoria jurídica da Câmara de Vereadores de Encantado estudam as possibilidades para elaborar um projeto de lei que estabeleça novas regras para o uso de diárias. O assunto voltou a repercutir no parlamento encantadense desde a semana passada, quando o presidente Sander Bertozzi (PP) fez comentários na tribuna e se disse incomodado com a repercussão negativa na comunidade sobre excessos de colegas na retirada de diárias.
“Estamos pensando em algo que faça o melhor para o nosso trabalho. Não vamos alijar nenhum vereador de trabalhar, mas com certeza algumas mudanças vamos fazer. Excessos estão acontecendo. Não é ilegal, mas é imoral. Vamos propor e o plenário vai decidir”, reforçou Bertozzi na sessão de segunda-feira, 8.
Entre as propostas de mudanças já reveladas pelo presidente está o ressarcimento das despesas específicas e a limitação do valor, principalmente, para deslocamentos dentro do Rio Grande do Sul. No ano passado, Cris Costa (PSDB), atual secretário da Mesa Diretora, chegou a sugerir a substituição das diárias pelo ressarcimento, mas depois retirou da pauta.
Apesar da posição do presidente, o assunto não teve grandes desdobramentos entre os políticos. Apenas Valdecir Gonzatti (MDB) falou que respeita os colegas que optam por não usar diárias, mas não aceita críticas contra aqueles que o fazem. “Sou um dos que mais tira diárias. Qual o problema? As coisas acontecem em Brasília, por isso que a gente viaja. Tem lei para isso. Vereador que quiser se sobressair perante aqueles que tiram diária, fica feio”, contrapôs Gonzatti.
Percepção dos moradores
A reportagem do Grupo A Hora circulou pelas ruas de Encantado para ouvir a opinião de moradores. O eletricista Alexsander Castro, 32, concorda que a imagem dos vereadores se deteriora com esses excessos. “É ruim para todos. Os salários dos vereadores já é bem acima da média brasileira, então deveriam sim, devolver o que não foi preciso gastar. Penso que essa ideia deveria ter sido colocada em prática há um bom tempo já”, aponta.
A secretária Gisele Channan, 39, também percebe como errado os valores permanecerem com os vereadores quando não utilizados. “Apoiaria esse projeto. O que eles não precisaram usar deveria ser devolvido, sem dúvidas”, enfatiza.
O consultor ótico Andriel Vieria, 23, é natural de Encantado e revela que desconhecia a quantia recebida pelos representantes da comunidade ao buscar recursos fora do município. “É dinheiro público. Os salários dos vereadores já condizem com a função, não é preciso ficar com o que sobra das diárias. Afinal, eles trabalham para o povo”, comenta.
Mas há também aqueles que não enxergam problema nessa prática. João Batista Felicetti, 25, afirma que, se está de acordo com a lei, não tem porque se indignar. “Se fosse ilegal seria preciso fazer alterações, mas como não é, por mim tudo bem”, esclarece.