A comunicação no mundo está mudando. Os jornais e as revistas estão diminuindo suas tiragens e indo para a internet onde se tornam cada vez mais virtuais do que reais.
Ao mesmo tempo se espalham blogs, redes sociais e comunidades virtuais, ferramentas fáceis de manusear e que permitem a qualquer um escrever, mas com um potencial enorme de espalhar boatos, fofocas e maledicências. O fácil acesso faz com que todos participem e exponham sua opinião, na maior parte das vezes sem estilo, sem reflexão e sem responsabilidade. E também sem a correção devida seja da gramática ou da informação.
Temos agora informação circulando em quantidade jamais vista em outras épocas. Mas a maior parte sem filtros confiáveis. E o que é pior, muitas vezes sem a identidade de quem escreve. Foi assim que chegamos à ditadura do anônimo que diz o que quer julgando que sua identidade está protegida.
Pelo menos assim tem sido no Brasil. Acompanho alguns sites de jornais e revistas nos Estados Unidos e na Europa e não tenho percebido lá o mesmo nível de agressividade e falta de bom senso. Pelo contrário, surpreende-me a qualidade da argumentação. Se isso se deve aos critérios do editor ou educação dos leitores é a dúvida que tenho.
No Brasil é difícil ler uma sequência de comentários sem que se perceba o vírus da intolerância com a opinião, e o pior é que boa parte dos comentários mais fortes, se esconde no anonimato de onde é sempre fácil ser corajoso e atirar pedras na reputação alheia. Será que a internet transformou os brasileiros numa legião de anônimos que agridem primeiro e só depois dialogam? Ou será que a violência de nossas ruas tomou conta dos espaços virtuais também?
Nas redes sociais onde a identificação pessoal ocorre, a agressividade até diminui na mesma velocidade da criatividade. E assim assistimos aquele longo desfilar de frases feitas, queixas genéricas, receitas caseiras anticâncer, sofrimento emocional e indiretas lançadas por quem teve o coração ou a confiança quebrados. Não se sabe se os índios que aqui viviam antes de Cabral eram diferentes de nós ou se já gostavam de comentar a própria vida e a alheia.