O tema que sempre foi o mais debatido nos grupos familiares, ambientes de trabalho, discussões acadêmicas, empresariais ou do setor público é a educação. Quase sempre chegamos à mesma conclusão, de que é através da educação que iremos transformar as pessoas e a sociedade. No entanto, nos últimos períodos, os desafios nos parecem diversos daqueles do passado.
As gerações passadas tinham muito mais dificuldades em acessar a escola, fosse por dificuldades estruturais ou de compreensão da real necessidade de estudar. Hoje, enquanto sociedade, já temos a clareza da necessidade e da diferença que o processo de formação faz em nossas vidas. Se observarmos grupos familiares, ainda iremos perceber pessoas que não têm clareza sobre a necessidade de educação.
Agora, o que nos parece é que os desafios da atualidade são maiores daqueles vividos no passado. Educação é prioridade, no entanto, estudos apresentados pela Firjan/SESI demonstram que, de cada 10 estudantes de até 24 anos, somente seis terminam o ensino médio. Ou seja, 40% dos estudantes não terminam seus estudos.
Corroboram esses dados as informações do Departamento de Economia e Estatística de que, no Rio Grande do Sul, 47% da população de 25 anos ou mais possuem até o ensino fundamental. Em nosso estado, os resultados de aprovação, distorção idade série e abandono escolar são maiores que a média brasileira, por exemplo, o abandono escolar no RS é de mais de 6% e a média brasileira é de um pouco mais de 2%. Esses são, para mim, os dados que melhor detectam a contradição que vivemos.
Os jovens desistindo dos seus estudos porque têm dificuldade de compreender a diferença que os estudos farão em suas vidas, porque precisam trabalhar para contribuir com a renda familiar e assim evadem da escola. Já as empresas necessitam de profissionais que tenham visão crítica, capacidade de inovar, de atuar com tecnologias e processos de automação. As escolas na condição de mediadoras do conhecimento, que precisam de professores, de equipes e estrutura para atender as crianças e jovens, sendo desafiadas e quase obrigadas a substituir o papel dos pais na formação dos filhos.
Os desafios não são somente das escolas ou das famílias. São das escolas e famílias, são dos gestores públicos e gestores privados, são da nossa sociedade. Eu não me atrevo a discutir os acontecimentos que ocorreram em ambientes escolares nas últimas semanas, pois não me sinto preparada para tal. Mas sinto que, baseada nos dados apresentados neste pequeno artigo, nos quais indicam que 40% dos nossos jovens não estão em sala de aula, percebo isso como um desafio para o Brasil. Esse não é um debate atual e não tem uma solução rápida. As soluções propostas são diversas, mas são tantas frentes que devem ser tratadas, que muitas vezes nos falta foco e tomada de decisão.
Fato é que nossas crianças e jovens, juntamente com suas famílias, precisam perceber que somente com a educação é que suas vidas serão melhores; as escolas que já fazem um esforço enorme, terão que ampliar tais esforços para se aproximar das necessidades e das potencialidades dos jovens; para, somente assim, formarmos cidadãos, em primeiro lugar. O setor privado e a sociedade como um todo devem apoiar, agir, em prol de uma educação cidadã, crítica e inovadora. Apesar da retórica, será somente assim que teremos vidas melhores e um país melhor.
