Desafios do esporte pós-moderno

Opinião

Rodrigo Rother

Rodrigo Rother

Professor na UNIVATES e no CEAT - @rodrigorother

Colunista Esportivo

Desafios do esporte pós-moderno

Os Jogos Olímpicos ocorrem de quatro em quatro anos e são a maior manifestação que existe no esporte. Aliás, transcende o esporte. Impacta a cultura, a sociedade e a economia mundial. Os melhores atletas realizam suas melhores performances da carreira, batem recordes e impressionam o público, criando novas referências para o que se considera “mais rápido, mais alto e mais forte”.

Mas o esporte foi se reinventando. A Olimpíada não é mais igual ao que era na antiguidade, isso parece óbvio. Mas também se percebe por vários motivos que ela já não está igual ao que era na modernidade, como víamos há alguns poucos anos. Quem acompanha as mudanças do esporte percebeu que modalidades “tradicionais” estão perdendo espaço e outras mais identificadas com o público jovem ganhando cada vez mais destaque.

Skate, breaking (dança de rua), surf, basquete 3×3 (street), BMX e escalada esportiva entram no programa olímpico pelo seu mérito e popularidade, mas também pelo Comitê Olímpico Internacional entender que estas modalidades podem trazer um outro público para assistir as competições, renovar a audiência e dar uma nova roupagem ao evento. Outra novidade a ser aplaudida é a equidade de participantes por gênero, onde algumas modalidades modificaram as categorias para receber 50% de atletas de cada gênero, como é o caso do atletismo (marcha atlética), tiro, canoagem, boxe e vela.

Se por um lado saúdam-se os novos participantes olímpicos, por outro alguém deve sair para que eles entrem, afinal, o tamanho do evento é limitado. Karatê e beisebol são a bola da vez e ficarão de fora, assim como foram cortadas várias categorias do levantamento de peso olímpico. Aí me pergunto: quem serão os próximos?

Como profissional da área do esporte, me sinto na obrigação de refletir sobre esse contexto do esporte pós-moderno. Por que as modalidades ditas “tradicionais” estão deixando de ser atrativas para o público e, consequentemente, para o COI? Será que não temos público jovem para elas? O vôlei, basquete, handebol, atletismo, as ginásticas, o judô. Estamos nos renovando? Estamos presentes nas aulas de Educação Física, sendo apresentados para a criançada?

Temos uma cara alegre e divertida que convide estas crianças para a experimentação e prenda seu interesse? Será que isso depende única e exclusivamente de recursos financeiros e locais apropriados para prática? Qual o papel dos nossos professores de Educação Física escolar e como estão lidando com esse fenômeno? As escolinhas esportivas estão preocupadas somente com o treinamento e o desenvolvimento técnico ou também estão conseguindo conquistar as crianças para a prática e para incorporar o esporte como estilo de vida, assistindo e “consumindo” para sua diversão?

Penso muito sobre isso e me surgem muito mais perguntas que respostas. Mas perceber o fenômeno e refletir sobre ele (pelo menos) me coloca na condição de experimentar algumas metodologias inovadoras e abrir novas possibilidades de diálogo com as atletas em formação as quais trabalho. O resultado disso veremos em breve.

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