A alternativa de venda dos ativos da Languiru para investidores chineses não avança. Junto com isso, pressão por parte de associados, gerentes e conselheiros. Como resultado, a direção perde força e a permanência fica insustentável. Ainda sem uma posição oficial, informações prévias dão conta da renúncia do presidente Dirceu Bayer.
Junto com ele, outros nomes do conselho de administração devem seguir o mesmo caminho. Esse movimento teria sido anunciado entre o fim da manhã e o início da tarde de ontem. De acordo com a comunicação da cooperativa, uma nota oficial deve ser divulgada hoje.
Por meio de mensagens enviadas aos funcionários, se confirmou a mudança na gestão. Em dez dias, as decisões ficarão a cargo de dois superintendentes. Um deles responsável pela gerencia financeira. Pelas informações extraoficiais, nos próximos dez dias será convocada uma assembleia extraordinária.
Enquanto isso, grupos de associados organizam possíveis nomes para comporem chapas para uma futura eleição. Pelo estatuto, em caso de saída da presidência e do conselho administrativo, quem assume é o conselho fiscal. No entanto, essa organização foi destituída entre o fim de 2017 e início de 2018.
A reportagem tentou contato com participantes da reunião de ontem. Nenhum funcionário, conselheiro ou diretor aceitou falar com o A Hora. Afirmaram que foi uma decisão interna não atender nenhum profissional do veículo.
Vinte anos na presidência
Bayer assumiu como presidente em 2002, ano em que a cooperativa enfrentava problemas financeiros. Auxiliou na reconstrução da Languiru, em período marcado pela reformulação estrutural e funcional. Foi nesse período em que se fortaleceu o parque industrial próprio, com ciclo completo da cadeia produtiva em aves, suínos e leite.
Nos anos de 2021 e 22, os prejuízos levaram a um descompasso nas contas. Em um diagnóstico apresentado a bancos credores, a Languiru detalha perdas no segmento aves e suínos. Juntos, somam R$ 274 milhões.
Pelos argumentos da direção, esses números são resultado da instabilidade no segmento de proteína animal. O que faz o quadro ser mais crítico são os
R$ 300 milhões de investimentos feitos nos últimos cinco anos. Houve expansão de linhas, atualização tecnológica das plantas industriais, entrada em novos negócios, sem o resultado esperado.
Na semana da assembleia de prestação de contas, ocorrida em 30 de março, relatórios das finanças mostravam que os compromissos com os bancos credores alcançavam R$ 780 mil. As dívidas com terceirizados, fornecedores, transportadores e outros somavam R$ 1,1 bilhão.
Contas no vermelho
Há 18 dias o relatório da gestão foi aprovado em assembleia com os associados. O segmento de suínos apresentou o maior déficit. Entre o frigorífico, distribuição, trato dos animais nas propriedades e revenda, o prejuízo ultrapassou os R$ 163 milhões no ano passado.
Em termos de faturamento, a Languiru bateu recorde, com um total de R$ 2,7 bilhões em 2022. No entanto, o resultado líquido foi negativo. Prejuízo de R$ 123,3 milhões. Na divisão do bolo, os quatro setores mais relevantes (suínos, frangos, leite e rações) representaram 80,3% do faturamento. Juntos, somam R$ 2,2 bilhões de receita. Os 19,7% restantes se dividem entre produção de carne bovina, supermercados, agrocenter, combustíveis e farmácias.
Reunião com prefeitos
Entre hoje e amanhã, o conselho de administração deve se reunir com prefeitos da microrregião de Teutônia. De acordo com o prefeito de Westfália, Joacir Docena, os municípios estão solidários com os associados e abertos ao diálogo.
A partir da definição de um gestor interino para a Languiru, o tema será debatido entre os gestores públicos. Segundo Docena, será necessária uma renovação na cooperativa para recuperar a credibilidade no mercado.