Vamos fazer o teste da janela?

Opinião

Elisabete Barreto Müller

Elisabete Barreto Müller

Professora universitária e delegada aposentada

Vamos fazer o teste da janela?

Uma das mais impactantes notícias recentes de casos de violência foi a de Blumenau/SC, onde quatro crianças foram mortas e outras tantas ficaram feridas.

Além das famílias enlutadas, os professores e demais trabalhadores da escola atacada também estão traumatizados com os fatos. Todo o entorno sofre de um modo absurdo e isso transcende para outros espaços, mesmos que distantes de onde o ataque aconteceu. Não bastasse a falta de valorização com sua carreira, os professores de todo o país estão com medo e insegurança para trabalhar.

Por mais dolorido que seja relembrar esses acontecimentos, precisamos refletir a respeito. É impossível normalizar a violência, fechar a janela da realidade e prosseguir como se nada tivesse havido.

E enquanto pessoas como nós lamentam o ocorrido, informações falsas circulam nas redes sociais, gerando ainda mais pânico e atrapalhando o trabalho dos profissionais de segurança. Diga-se de passagem, também seres humanos com suas dores e, igualmente, convivendo com as cobranças e desvalorização de sua profissão.

Somado ao caso de Blumenau, nesta semana, tivemos mais uma notícia estarrecedora: um adolescente de 14 anos foi encontrado com vários objetos com símbolos nazistas e de culto a Hitler e Mussolini. Há informação de que o próprio pai presenteou o filho com uma bandeira de apologia ao nazismo. E o adolescente é ainda suspeito de planejar ataque a uma escola em Maquiné/RS. A Polícia investiga ligação desse fato com outros grupos neonazistas no Brasil.

Infelizmente, as células criminosas de preconceito e discriminação estão aparecendo em grande número nos últimos tempos e saindo do virtual para ataques reais, o que me leva a vários questionamentos.

Como isso aconteceu com a sociedade brasileira? Será que esse ódio sempre esteve escondido sob a superfície e encontrou nas redes sociais a terra fértil para aflorar? Quando foi que esse desrespeito com a vida alheia se fortificou? Pode ter sido quando torturadores e apoiadores de torturadores viraram ídolos no país? Ou quando optamos por anistiar os torturadores e assassinos da ditadura?

Aberta a janela dos fatos, faço o teste e pergunto: qual é a minha contribuição para a paz social? Enquanto reflito sobre o tema, faço votos de que a polícia descubra todas as células de ódio, que a Justiça puna com rigor os criminosos e que os governos em todos os níveis (municipal, estadual e federal) se unam para efetivar ações de prevenção e combate à violência, independente de suas cores partidárias.

Por fim, torço para que as famílias cultivem o amor e que não permitam bandeiras de ódio nos lares, nas ruas e nem nas mochilas.

E você, já fez o teste da janela hoje?

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